Estudo por lições neste capítulo de Mateus.
Por Pr. José Alencar
LIÇÃO 1 | DIÁLOGOS COM JESUS - O bem-aventurado
Mateus 5:1-4 (NAA)
Ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte. Ele se assentou e os seus discípulos se aproximaram dele. Então ele passou a ensiná-los. Jesus disse:
“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”.
COMENTÁRIO:
Jesus inicia o maior sermão de todos os tempos e coloca em primeiro lugar a pobreza de espírito. Ponto central para os cidadãos do reino dos céus.
Ser pobre de espírito na nossa sociedade é algo pejorativo. Ou seja, diz-se na nossa sociedade que ser pobre de espírito é quem faz males, estupradores, assassinos, etc... E o vocábulo bem aventurado é uma transliteração do grego para o português que significa feliz. Já pobres de espírito é um estado sobrenatural que Deus outorga ao seus através do espírito santo.
Jesus é o nosso paradigma, ele nasceu em uma manjedoura e viveu sem nenhuma pretensão de conquistar coisas grandiosas e terrenas. Rejeitou a glória, a fama e o sucesso que satanás lhe ofereceu, e rejeitou todas essas coisas. Mat.4:1-11. (Ler Juízes 6:15, 16, Êxodo 3:10, 11).
Posto isto, vamos ao pano de fundo dessa meditação: Os filhos de Israel aguardaram mais de mil e quatrocentos anos o seu Messias. Porém eles se equivocaram quanto a forma do Messias. Eles esperavam um Messias guerreiro aos moldes de Júlio Cesar, que foi o maior estrategista de Roma de todos os tempos. Ou até mesmo de um Pompeu, considerado o maior guerreiro do império Romano.
Tal foi a surpresa deles ao deparar-se com um jovem de gentil aspecto, humilde, sem um belo cavalo de pura raça, sem a compleição física própria aos guerreiros e com armas que não eram carnais. 2 Cor. 10:4. As suas principais armas eram: o amor, seus ensinamentos, sua humildade e seu comportamento. Imaginem qual foi a decepção daqueles judeus! Eles esperavam alguém que os libertasse do jugo, dos altos impostos e principalmente da tirania dos romanos.
Eles não entendiam que o maior jugo, e disseminador de todas as amarras é o pecado.
E Jesus veio justamente libertá-los desse câncer que é o pecado. Mas eles os rejeitaram por equivocar-se na aparência. Pois Jesus veio sem aparência e sem nenhuma forma espetaculosa como nos diz Isaías cap. 53. Os Judeus eram pessoas arrogantes, soberbos, insensíveis às profecias que falavam do Messias e desprovidos de humildade.
Assim como vimos no v. 3, agora vemos no v. 4 alguém que recebeu também coisas boas. Você considera chorar uma boa coisa?
O vocábulo grego para chorar é “penteu”, que denota: alguém que chora por seus pecados por ter se afastado de Deus. É um lamento por sua incapacidade de seguir o caminho da santidade. É um verdadeiro lamento por todas as coisas ruins que fazemos. É uma tristeza que brota da nossa alma, é um choro de inconformidade por nos afastarmos da vontade de Deus tão facilmente.
Paulo viveu intensamente essas dificuldades, e exclama em forma de oração: 2 Cor. 12:8 “Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim”.
É nesse contexto de lamento que Deus nos consola e diz: Vocês são bem-aventurados porque choram pelas suas misérias. “Breve eu enxugarei todas as suas lágrimas” Apocalipse 21:4.
CONCLUINDO
Amados não houve, e nem haverá em toda a história da humanidade alguém que se compare a Jesus, concernente aos seus ensinamentos. Os mesmos destinavam-se às mudanças tanto internas: “trazendo mudança e cura para o coração, para os nossos pensamentos e principalmente nas nossas atitudes, gerando em nós uma atitude de humildade a ponto de rejeitarmos todas as glórias humanas e efêmeras, sucesso, fama, soberba, independência de Deus, etc...”
Que Deus nos abençoe dando-nos um coração humilde e totalmente dependentes d’Ele, e um comportamento segundo o comportamento de seu filho Jesus. Só assim nos será dado o reino dos céus.
Queridos, fiquem firmes, e, choremos pelas nossas fraquezas. Deus nos entende e nos ama e nos consola. Lucas 7:36-38.
LIÇÃO 2 | DIÁLOGOS COM JESUS - O bem-aventurado
Mateus 5:5 (NAA)
“Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra”.
COMENTÁRIO:
Jesus prossegue o sermão das bem-aventuranças. Anteriormente Ele fala: “Os pobres em espírito herdarão os céus; Os que choram, serão consolados; Os mansos, herdarão a terra". No contexto das narrativas desses fatos, os homens violentos conquistavam seus bens através dessas práticas: da violência, da rispidez e da brutalidade. Jesus quebra a espinha dorsal daquele sistema contrariando-os através dos seus ensinamentos. Ele diz: “Os mansos herdarão a Terra”.
Antes de analisar o adjetivo manso vamos conhecer qual terra que os manos herdarão.
A terra citada não é esta terra em que vivemos. Pois a mesma foi amaldiçoada - Gn. 3:17. A terra que os mansos irão herdar é uma terra perfeita, pois quem a arquitetou foi o próprio Deus. Ele a preparou especialmente para o seu rebanho e por isso Aleluia! Essa terra é perfeita e nela não entrará pecado, nem as consequências do mesmo. João a viu e ficou maravilhado - Ap. 21:1, 2.
Jesus é o nosso modelo de mansidão. Ele disse: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração”. Mt. 11:29. Jesus nos compara a ovelhas: Ezequiel 34:31; João 10:14. Ele usa essa figura de linguagem para nos mostrar o caminho da mansidão, e da dependência dele.
Porque será que Jesus nos compara a ovelhas?
Primeiro: Jesus é o Cordeiro de Deus - João 1:29.
Segundo: A ovelha é um animal dócil. A ovelha é sensível a voz do bom pastor.
Terceiro: A força da ovelha está na sua cabeça.
Quarto: A sua principal defesa está na união de umas com as outras (comunhão).
Iremos analisar, ponto a ponto, os predicados do animal ovelha; e veremos, se nós (no sentido figurado) nos enquadraremos aos mesmos predicados das mesmas.
1. Você entende que Jesus sendo o Cordeiro de Deus, está acima de você?
2.Você é uma pessoa dócil? Ou amarga? O animal ovelha é dócil e sociável. Que vergonha para nós, que somos pensantes e temos a Bíblia à nossa disposição.
3. A ovelha é sensível à voz do bom pastor. Você é uma pessoa que ouve e obedece a Palavra do bom Pastor? Você é alguém que gosta de ler o manual do bom Pastor? Você sabia que a Bíblia é esse manual? Você gosta de conversar com o bom Pastor? Você sabia que a oração é uma das formas de obtermos essa conversa?
4. A força da ovelha está na sua cabeça. Jesus é a cabeça da Igreja. E também o líder do seu rebanho. Você está sendo guiado pelo Espírito de Jesus? Ou por suas vontades?
Saiba que os que são guiados por Jesus, são domados; tornam-se mansos e cordatos (que são sensatos, não divergentes). Você sabia que a ovelha não esperneia quando é levada ao matadouro? Ela nem mesmo muge. E você? Murmura quando passa por provações?
Façamos uma avaliação de nós mesmos e vejamos se estamos enquadrados nestes pontos que analisamos.
CONCLUSÃO
Queridos irmãos, sejamos discípulos de Jesus; sigamos os passos do nosso mestre. Ele foi o ser mais santo que passou por esta terra. Se quisermos herdar a terra da promissão (a nova Jerusalém), temos que andar como Jesus andou. 1 João 2:6.
Que o Deus Todo poderoso nos abençoe.
LIÇÃO 3 | DIÁLOGOS COM JESUS - O bem-aventurado
Mateus 5:6 (NAA)
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.”
COMENTÁRIO:
O Rei Jesus continua permeando e estabelecendo a plataforma do seu Reino. Ele persiste com os seus súditos pra que eles sejam felizes, e com fartura. Mas para que essas bênçãos possam acontecer Ele exige de nós algumas condições dentre as quais estão: "Fome e sede de justiça”. Jesus evoca dois elementos essenciais e vitais à subsistência humana, a fome e a sede.
O mundo em que vivemos é totalmente desprovido da justiça moral e social. Por isso Jesus enfaticamente traz à sua Igreja esses ensinamentos tão importantes para os seus súditos. Ele incumbiu aos seus discípulos a missão de transformar este mundo com a justiça que emana d’Ele para nós. Ele conta conosco para cumprir essa missão.
O Apóstolo Paulo fez uma radiografia da sociedade da sua época. Romanos 3:10-12. Parece até que ele teve uma antevisão da sociedade dos dias atuais. Ele diz: “Como está escrito (Salmo 53) não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda, não há ninguém que busque a Deus, todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis, não há quem faça o bem, não há nem um só.”
É, ou não é o retrato da sociedade dos nossos dias? É em meio a esse caos que nós como participantes do reino deveremos implantar aqui e agora a justiça do Rei Jesus.
O apelo do Rei Jesus para que pratiquemos a justiça é tão forte, a ponto de nosso Mestre estabelecer um paralelismo entre a busca pela justiça com a mesma gana de alguém que está com fome e sede.
Existe alguns tipos de justiça na constituição do Rei Jesus. Mas devido a exiguidade do espaço que temos abordaremos apenas dois tipos de justiça: A justiça moral e a social.
JUSTIÇA MORAL
Não irei analisar a justiça moral no aspecto filosófico. E sim, no aspecto pragmático e bíblico.
A justiça moral do reino é cimentada na pessoa de Jesus Cristo através da sua conduta e seus ensinamentos oriundos dos Evangelhos. Seus súditos devem sempre gravitar em torno do Rei Jesus, pois Jesus não somente é o nosso Rei, como também é o nosso modelo: “Sede imitadores de Deus, como filhos amados” Ef. 5:1.
Paulo foi alguém que gravitou em torno do Rei Jesus. Leiamos o que Ele escreveu sobre a justiça moral: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” FIL. 4:8, 9.
Queridos, é imperioso que alguém que está inserido no reino do nosso mestre pratique a justiça moral. Lembremos que Jesus é a justiça de Deus. E que devemos imitá-lo. O mundo tem que olhar pra nós, e ver Cristo em nós. Temos que exceder a justiça deste mundo, que jaz no maligno.
JUSTIÇA SOCIAL
Justiça social não é “socialismo, nem o comunismo”. Justiça social não é a teoria marxista. Marx fomentou a guerra de classes. Os pobres (o proletariado) contra os ricos (a burguesia). Ele pregava que os pobres deveriam invadir e tomar as propriedades dos ricos. Ou seja, ele incentivava a prática do roubo, uma atitude condenada por Deus. Êx. 20:15.
Em síntese o principal objetivo do socialismo não é promover a justiça social, e sim ter um Estado inflado e absolutista que tenha um único partido e um governo que domine sobre tudo e sobre todos. E um Estado que não permita a iniciativa privada e nem a religião. Marx dizia: “A religião é o ópio do povo", com a ideia de que a religião seria a ilusão dos oprimidos e assim deveria ser suprimida.
Mas em síntese, justiça social é como olhamos, tratamos e nos importamos com os necessitados.
JUSTIÇA SOCIAL NO AT
No início da nação de Israel, Deus entregou a Moisés regras, pelas quais Israel deveria pautar-se. Dentre às quais continha: O cuidado com os pobres, com os estrangeiros, com às viúvas e com todos os necessitados, que estivesse entre eles.
Leiamos alguns textos no AT. Levíticos 19:9, 10 e 13; 25:35-38; Dt. 15:7-11; Isaías 62:1.
JUSTIÇA SOCIAL NO NT
Todo o ministério de Jesus foi voltado para justiça social.
Vejamos alguns textos: Mt. 11:4, 5; Lc. 6:13, 24; 2 Cor. 8:19. Tg 3:5; 1 Jo 3:17.
Vejamos o que Jesus falou e quais as consequências, se nós não praticarmos a justiça social: Mt. 25:34
“Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu pai, possui por herança o reino que está preparado desde a fundação do mundo. 35 Porque tive fome, e deste-me de comer, tive sede e deste-me de beber, era estrangeiro, e hospedaste-me; 36 Estava nu, e vestiste-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. 37 Então os justos (que praticaram a justiça social) lhes responderão, dizendo: Senhor, guando te vimos com fome, e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? 38 E guando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? Ou nu, e te vestimos. 39 E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te. 40 E respondendo o Rei, lhes dirá; em verdade vos digo que, quando fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. 41 Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda; apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos. 42 Porque tive fome, e não me deste de comer, tive sede e não me deste de beber. 43 Sendo estrangeiro, não me recolhestes, estando nu, não me vestistes, e enfermo, e na prisão, não me visitastes. 44 Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? 45 Então lhes responderá dizendo: em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. 46 E irão estes para o fogo eterno preparado para o tormento eterno”.
A sociedade em que vivemos, está divorciada das justiças: tanto a moral, quanto a social.
Jesus espera que nós influenciemos esta sociedade praticando as justiças moral e a social. Jesus cobrou daqueles discípulos dizendo: “Se a vossa justiça, não exceder a justiça dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino de Deus”. Mt. 5:20
CONCLUSÃO
Iremos concluir este estudo usando a própria Bíblia, pois certo estou que a mesma vale mais do que todas as nossas ideias.
Meditemos no Salmo15, pois o mesmo contém todas características de quem tem fome e sede de justiça, fator fundamental pra quem quer adentrar no reino onde está cheio de fartura: “Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem poderá morar no teu santo monte? Aquele que vive com integridade, que pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; aquele que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; aquele que, a seus olhos, tem por desprezível ao que merece reprovação, mas honra os que temem o Senhor; aquele que jura e cumpre o que prometeu, mesmo com prejuízo próprio; aquele que não empresta o seu dinheiro com usura, nem aceita suborno contra o inocente. Quem age assim não será jamais abalado.”
Amados, que as bênçãos do Senhor estejam conosco para que tenhamos fome e sede de justiça.
LIÇÃO 4 | DIÁLOGOS COM JESUS - O bem-aventurado
Mateus 5:7 (NAA)
“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.”
COMENTÁRIO:
De todos os ensinamentos do sermão do monte, este é um dos principais, possivelmente o principal.
Eu entendo que a misericórdia é imprescindível. Porque ela está intrinsecamente relacionada com o texto áureo do relacional horizontal, ou seja: “O ser humano, focando o ser humano” Mt. 7:12: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós, porque esta é a lei e os profetas”. Observe que essa bem-aventurança não somente tem uma conexão com à lei áurea, concernente a reciprocidade entre humanos, mas tem uma conexão direta com a lei da semeadura. Gl. 6:7-10: “Não erreis, Deus não se deixa escarnecer, porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; Mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. E não cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido. Então enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé”.
Significado do vocábulo misericórdia: é um substantivo feminino oriundo do latim. É a junção de duas palavras: miserere ou miseratio que significa miséria e cordiz que significa coração. Coração que se debruça sobre a miséria humana, coração compadecido, coração que perdoa e coração bondoso. É colocar-se no lugar do outro que está sofrendo.
Posto isto, vamos ao conteúdo do texto:
O ministério de Jesus teve o seu foco no ser humano. Aliás, este foi o principal motivo dele vir em carne e aceitar tamanho vitupério. Lembremo-nos que Jesus é Deus. E Deus foi visitar Adão quando o mesmo pecou (e com ele toda a raça humana) e observe que o olhar de Deus foi para a nudez do homem caído, pois Adão tinha feito para ele e sua mulher vestidos de folhas de figueiras. E essas vestes não os cobriam, nem os aquecia. Foi nesse momento que entra em ação a misericórdia de Deus com um plano, matando alguns animais pra tanto cobrir as vergonhas do casal, quanto para aquecê-los. Os mesmos foram expulsos do jardim e fora do jardim o ambiente lhes era contrário.
Esse foi o primeiro ato de misericórdia de Deus para com a humanidade representada por Adão, pai federal da raça humana.
A causa principal pelas quais Jesus veio ao mundo foram as nossas misérias causadas pelo pecado do nosso pai Adão. “Foi aí que Deus na pessoa de Jesus nos via marchando celeremente para a morte, e consequentemente, para o inferno. E teve misericórdia de todos nós. E desceu pra buscar e salvar o que se havia perdido em Adão” Lc. 19:10. E pagou a dívida que todos nós devíamos. Jesus, Ele próprio pagou morrendo em nosso lugar. E rasgou as promissórias que eram contra nós e cravou-as na cruz do Gólgota... Aleluia!
Jesus, não somente desceu a terra para pagar as nossas dívidas, como também arregimentou alguns homens denominando-os “discípulos”. Foi com esse grupo de homens que Ele fundou a Sua Igreja, e incumbiu à mesma de, não somente usar de misericórdia, mas também assumir a missão dada por Ele: “Vão...e façam discípulos”. Mt. 28:19
Jesus fundou a sua Igreja e não o cristianismo. Pois há uma diferença abissal entre a Igreja de Cristo e o cristianismo.
O cristianismo começou quando o Imperador Constantino cessou de perseguir os cristãos e oficialmente instituiu o cristianismo como religião oficial do Império no ano 312 DC.
Constantino exigiu que todos os cidadãos se tornassem “cristãos”. Um cristianismo divorciado do Cristo verdadeiro, um cristianismo sem o caráter de Jesus, um cristianismo espúrio, sem santidade e sem o verdadeiro ensino do Seu Mestre. E comandado por homens corruptos, avarentos e sem nenhum valor moral, pois o próprio Constantino não era convertido e tampouco os bispos que o mesmo consagrara.
Já a Igreja de Jesus não foi fundada por homem algum, e sim pelo próprio Deus. Ele mesmo a elegeu: “Antes da fundação do mundo” Ef. 1:4. A Igreja de Jesus não reconhece ninguém acima Dele e da sua Palavra. Pois a igreja de Cristo segue o seu mestre que é: santo, puro, perfeito, imaculado, todo poderoso e cheio de misericórdia. Aliás: “As misericórdias do Senhor são as causas de não sermos consumidos” Lm. 3:22. A Igreja de Cristo é a única instituição que nivela a todos, pois Deus não faz acepção de pessoas. A Igreja também é indestrutível, foi o próprio Jesus que afirmou: “As portas do inferno não prevalecerão contra ela” Mt. 16:23.
Nós como discípulos de Jesus temos praticado a misericórdia? Ou estamos saindo pela tangente iguais aos religiosos (o sacerdote, e o levita) da parábola do bom samaritano? Ou estamos sendo hipócritas tal como o doutor da lei da referida parábola, dando uma de desentendidos? Mesmo sabendo quem era seu próximo, ele pergunta de forma descarada: Quem é o meu próximo?
Leiamos os textos dessa parábola e entendamos a mesma: Lucas 10:25-37:
E eis que certo homem, intérprete da Lei, se levantou com o objetivo de pôr Jesus à prova e lhe perguntou: — Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
Então Jesus lhe perguntou: — O que está escrito na Lei? Como você a entende?
A isto ele respondeu: — "Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, com todas as suas forças e todo o seu entendimento." E: "Ame o seu próximo como você ama a si mesmo."
Então Jesus lhe disse: — Você respondeu corretamente. Faça isto e você viverá.
Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: — Quem é o meu próximo?
Jesus prosseguiu, dizendo: — Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de alguns ladrões. Estes, depois de lhe tirar a roupa e lhe causar muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto.
Por casualidade, um sacerdote estava descendo por aquele mesmo caminho e, vendo aquele homem, passou de largo.
De igual modo, um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, passou de largo.
Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou perto do homem e, vendo-o, compadeceu-se dele.
E, aproximando-se, fez curativos nos ferimentos dele, aplicando-lhes óleo e vinho. Depois, colocou aquele homem sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele.
No dia seguinte, separou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: "Cuide deste homem. E, se você gastar algo a mais, farei o reembolso quando eu voltar."
Então Jesus perguntou: — Qual destes três lhe parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos ladrões?
O intérprete da Lei respondeu: — O que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: — Vá e faça o mesmo.
Irmãos, vocês observaram que todas as bem-aventuranças são condicionais? Vejamos:
Só quem é pobre de espírito herdará o reino dos céus;
-Somente os que choram serão consolados;
-Para alguém herdar a terra precisará ser manso;
-Pra que alguém tenha fartura, precisará ter fome e sede de justiça.
-PARA NÓS ALCANÇARMOS MISERICÓRDIA TEMOS QUE EXERCER MISERICÓRDIA.
CONCLUSÃO:
Deus exige dos seus filhos que pratiquem a misericórdia, pois Ele mesmo deu-nos o exemplo.
Concluirei este estudo mencionando a narrativa do credor incompassivo. Leiamos Mateus 18:23-35:
— Por isso, o Reino dos Céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos.
E, passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos.
Não tendo ele, porém, com que pagar, o senhor desse servo ordenou que fossem vendidos ele, a mulher, os filhos e tudo o que possuía e que, assim, a dívida fosse paga.
Então o servo, caindo aos pés dele, implorava: "Tenha paciência comigo, e pagarei tudo ao senhor."
E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida.
— Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários. Agarrando-o começou a sufocá-lo, dizendo: "Pague-me o que você me deve."
Então o seu conservo, caindo aos pés dele, pedia: "Tenha paciência comigo, e pagarei tudo a você."
Ele, porém, não quis. Pelo contrário, foi e o lançou na prisão, até que saldasse a dívida.
— Vendo os seus companheiros o que havia acontecido, ficaram muito tristes e foram relatar ao seu senhor tudo o que havia acontecido.
Então o senhor, chamando aquele servo, lhe disse: "Servo malvado, eu lhe perdoei aquela dívida toda porque você me implorou.
Será que você também não devia ter compaixão do seu conservo, assim como eu tive compaixão de você?"
E, indignando-se, o senhor entregou aquele servo aos carrascos, até que lhe pagasse toda a dívida.
Assim também o meu Pai, que está no céu, fará com vocês, se do íntimo não perdoarem cada um a seu irmão.
Que Deus nos abençoe e nos ajude a seguir os passos do Mestre Jesus.
LIÇÃO 5 | DIÁLOGOS COM JESUS - O bem-aventurado
Mateus 5:8 (NAA)
“Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.”
COMENTÁRIO:
Este texto certamente é inerente ao próprio Deus, pois o mesmo é puríssimo. Esse superlativo só se aplica ao próprio Cristo, que desafiou aos religiosos de sua época: Quem dentre vós, pode me acusar de algum pecado? João 8:46.
A Bíblia não apresenta Deus de uma maneira vasta, e menciona "Deus" de maneira bastante tímida. Ela diz: No princípio criou Deus, os céus e a terra Gn. 1:1. Ela não traz muitos detalhes a respeito de Deus.
Nos Evangelhos não é diferente, trazem poucas informações sobre Deus. João 1:1-3 diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.”
Vejam que aqui também não há minúcias sobre Ele. O ser humano não vive sem alguém da mesma espécie. A maioria dos seres humanos gostam de conhecer e relacionar-se com pessoas, e principalmente se forem famosas.
Nesta bem-aventurança Jesus nos dá ensinamentos para conhecer Deus. O ensinamento é: ser limpo de coração.
Há diferença entre conhecer e perceber. Conhecer está relacionado com a visão, é ver. Já perceber tem a ver com à intuição e a percepção. Alguém desprovido da sua visão não vê coisas, mas percebe coisas através do olhar da sua alma ou do interior.
Eu construí essa analogia de alguém que vê através da visão natural, e alguém que vê através da percepção ou do homem interior, para que nós entendamos que enquanto nós estivermos nesta carne pecaminosa só veremos Deus através da nossa percepção. Vejamos que o texto base do estudo diz: “verão a Deus”. O tempo do verbo está no futuro.
Queridos, vocês sabiam que grandes homens de Deus gostariam de receber a promessa que nós recebemos? Homens que deixaram tudo pra seguir a Deus, tais como Abraão, e outros que preferiram ser condenados a se prostrar diante de ídolos, como foi com Ananias, Azarias e Misael. Eles jamais tiveram a assertiva de Deus de que veriam o Deus todo poderoso. Mesmo que fosse no futuro distante.
Você tem o hábito de contemplar a criação de Deus? As estrelas do firmamento com sua beleza, brilho e organização, a lua cheia e brilhante, a beleza do arco-íris, as cachoeiras, o amanhecer, o sol radiante, as ondas do mar, a pureza de uma criança? Nem o melhor pintor conseguirá retratar com fidelidade a grandiosidade da criação divina...
Imaginemos a beleza daquele que criou todas essas maravilhas. Ele excede todas as suas criaturas. Ele é mais sublime que os céus, visto que Ele é maravilhoso. Isaías 9:6.
Antes de prosseguir analisando este tema vamos conhecer um pouco, ainda que em síntese, o âmago deste estudo: o coração.
O coração é o principal órgão do corpo. Ele e um órgão muscular presente nos homens e nos animais. Responsável pelo bombeamento do sangue para as diferentes partes do corpo através dos vasos sanguíneo.
O seu tamanho é igual a um punho fechado de um homem e pesa 400g aproximadamente. O mesmo funciona ao ritmo médio de 72 batidas por minuto, 104 mil por dia e 38 milhões por ano, e algo em torno de 2.5 bilhões ao longo da vida.
Será que é desse coração fisiológico, que Jesus está se referindo? Ou é um coração no sentido figurado?
No meu humilde entendimento eu acredito que Jesus está falando de ambos.
Eu creio que a alma se divide em duas partes. Uma parte da alma aloja-se no coração, que é a parte que controla as nossas emoções. Já a outra parte da alma, que eu chamo de mente, aloja-se no cérebro e é responsável pelo nosso entendimento. Também responsável por nossos pensamentos e por nossa cognição.
Quando Deus diz “do coração procede as saídas da vida”, certamente Ele não está falando do órgão, do músculo e sim da alma. Porque carne e sangue não herdam o reino dos céus e sim, a alma limpa.
Quando a Bíblia fala de coração está se referindo à alma que está dentro de nós, ou seja, alma e mente. Pois ambas formam uma unidade.
É a esse coração que Deus fala para que o mesmo seja limpo, condição imprescindível para vê-lo no futuro e para percebê-lo no presente.
O que fazer pra purificar os nossos corações?
Primeiro: Entregar os nossos corações a Deus
É Ele mesmo que sugere: “filho meu dá-me o teu coração...” Provérbios 23:26, pois quando entregamos os nossos corações a Deus Ele nos ajuda através da Sua própria Palavra. Vejamos os seus conselhos: “sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” Pv. 4:23; “Filho meu, atenta: às minhas razões inclina os teus ouvidos” Pv. 4:20; “Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa(coração), e com ele cearei, e ele comigo” Ap. 3:20; “Examinai as escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são que de mim testificam” Jo. 5:39; “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado” Jo. 15:3.
Como vimos, quando entregamos os nossos corações a Deus, Ele purifica nossos corações através de Seus ensinamentos, oriundos de Sua Palavra.
Segundo: Precisamos urgentemente fugir do pecado.
O pecado forma uma enorme barreira entre nós e Deus, e isso nos impede de percebê-lo. “Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus: e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vós não ouçam” Is. 59:2.
Quando pecamos nos afastamos de Deus, e fica impossível de vê-lo e de percebê-lo.
Terceiro: Não nos associarmos ao mundo. Sabemos que o mundo (com os seus sistemas) está no maligno, e que o mesmo mancha os nossos corações. A Bíblia fala aos nossos corações: “não ameis o mundo, nem o que no mundo há” 1 Jo. 2:15; “E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhuma” 1 Jo. 1:5.
Se nós nos associarmos ao mundo, nos tornamos inimigos de Deus. Tg. 4:4 diz “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”
CONCLUSÃO
Você almeja ver e perceber a Deus? Purifique o teu coração.
Na década de 80 circulava um livro que se tornou bastante popular. Esse livro fazia uma analogia do coração do homem e nesse livro haviam dois corações. Um dos corações era de alguém que servia a Cristo e o mesmo era limpíssimo e adornado com algumas pombas brancas. O outro era de alguém que não servia a Jesus e continha todas as espécies de animais asquerosos: sapos. cobras, porcos e bastante sujeira.
Esse é um quadro que continua em nossos dias com muito mais intensidade. Se houvesse agora uma máquina que radiografasse os nossos corações, certamente haveria corações limpos, mas haveria muito mais, corações desarrumados, sujos, e cheios de trevas.
Que Deus ilumine os nossos corações para que os mesmos sejam limpos e habilitados para perceber Deus agora e vê-lo no futuro.
LIÇÃO 6 | DIÁLOGOS COM JESUS - O bem-aventurado
Mateus 5:9 (NAA)
“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.”
COMENTÁRIO:
Esta bem-aventurança têm uma conexão direta com as demais bem-aventuranças anteriores. Exemplo: Alguém que é pobre de espírito (humilde) tem o feitio de provocar uma guerra? Alguém que tem fome e sede de justiça é capaz de viver cometendo atos de injustiças? O manso é capaz de cometer atos violentos? Vocês imaginam uma pessoa misericordiosa cometendo atos de impiedade? Alguém que tem o coração limpo é capaz de suscitar atos odiosos?
Como vimos, todas essas bem-aventuranças estão correlacionadas com a do texto em foco: Os pacificadores.
Definição de pacificador:
Aquele que restabelece a paz, apaziguar, pacificador de conflitos.
No momento atual, vários homens estão tentando com muitos esforços pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia através de movimentos diplomáticos. O problema é que todos têm algum tipo de interesse, fugindo assim da verdadeira pacificação que é desprovida disso, e ademais, eles não têm a verdadeira paz.
Atos como esses são recorrentes na recente história da humanidade. Um grande líder chamado Mahatma Gandhi foi a principal personalidade da independência da Índia. Ele usou a tática de lutar sem usar a violência, e foi um ato louvável, porem ele orientou o povo à desobediência civil. Essa pacificação desse referido líder não deu muito certo, pois levou a massa hindu à uma convulsão social com muitas mortes e prisões.
E ele apesar de admirar o Príncipe da Paz, nunca aceitou os ensinamentos do mestre Jesus, preterindo-o, e continuou seguindo a Buda.
Nelson Mandela considerado o maior pacifista da África do Sul, não pode ser considerado um pacificador, e sim, um ativista. Ele foi o principal líder do movimento Apartheid, criando assim uma rigorosa e acirrada luta entre negros e brancos. Ao invés de melhorar a sua nação, ele a transformou em uma nação de castas, ou seja, ricos só se casam com ricos e pobres só se casam com pobres. Assim fazendo da África do Sul uma das nações mais desigual do mundo e isso gera uma desarmonia absurda, ao invés de paz.
Assim aconteceu com todos os demais pretensos apaziguadores.
Eles não tinham paz interior; condição imprescindível para quem quer promover a paz verdadeira.
Vejamos a diferença de alguém que tem paz para outro que não a tem.
No século 17 da nossa era a Inglaterra estava passando por uma das piores crises da sua história, chamada de crise industrial. O referido país estava à beira de uma convulsão social.
Entrou em cena naquele contexto um homem cheio de Deus, e consequentemente, cheio de paz. Esse homem começa dizendo que só Jesus poderia livrar à Inglaterra daquela convulsão social e saiu por parte daquela nação pregando o evangelho de Jesus Cristo. Ele pregava nas casas e nas ruas, numa época que não era comum se pregar fora dos templos. Alguns líderes tentaram impedi-lo dizendo: “Reverendo! O senhor só pode pregar na sua paróquia”. Ele respondeu enfaticamente: “A minha paróquia é o mundo!”. Aquele embaixador da paz continuou pregando incansavelmente, montado no seu cavalo percorria até 90 quilômetros ao dia.
Esse homem de Deus ministrava sem tecnologia, sem microfone, sem caixa de som e sem o aparato moderno que temos atualmente. E assim ele conseguiu na força do braço forte do Senhor trazer paz para a Inglaterra. Porque ele alcançou? Pois o mesmo era cheio da presença do Príncipe da Paz.
Passaram-se alguns anos após a sua morte e prestaram-lhe uma honrosa homenagem, mudando o nome da igreja que ele pastoreava de Igreja Anglicana para Wesleyana. Até hoje passados mais de 300 anos, ele é lembrado em todos os lugares onde Cristo é pregado, sendo considerado um dos maiores avivalistas de todos os tempos. O seu nome é John Wesley.
Wesley fez a diferença em sua época, pois não apenas tinha a paz, mas passou-a a outros.
O que estamos fazendo com a paz que temos? Temos passado a mesma adiante? Estamos fazendo a diferença em nossos dias? Estamos mudando esta geração? Lembremo-nos que toda a criação aguarda a manifestação dos filhos de Deus!
De todas as bem-aventuranças, esta é a única que traz a chave que abre a porta para quem quer morar no céu onde o nosso Pai habita.
Façamos a hermenêutica do texto em foco: “Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”.
No evangelho de João 8:35 Jesus afirma: “O servo não fica para sempre em casa; o filho fica para sempre".
Há uma grande diferença entre servo e filho.
Um servo pode tornar-se filho? A resposta é sim. No campo humano ele precisa ser adotado seguindo leis vigentes de cada país. Já no âmbito espiritual o servo também passa pelo processo de adoção e isso acontece de forma gradual.
Primeiro: ele precisa crer no filho de Deus.
Segundo: Ele precisa ser obediente às regras do Filho de Deus.
Eu entendo que existe muitas regras para um servo tornar-se filho de Deus e uma dessas regras passa conceitualmente por Adão, pai biológico de toda raça humana. Essa é uma regra natural.
A outra é: a espiritual. Essa regra é regida por Deus, que inocula a fé salvadora em nós para crermos no sacrifício do Seu Filho, e somos assim adotados pela mediação de Cristo.
Estas regras têm várias outras regras inter-relacionadas. Leiamos Isaías 28:10.
Vimos o profeta messiânico mencionando essas várias regras e fazendo um jogo de palavras.
Não basta apenas aceitar essa graça barata que é oferecida por alguns falsos mestres. Eles dizem: "Basta crer em Jesus. Vocês não precisam obedecer, pois a salvação proporcionada por Jesus é plena e é universal. Não importa o que vocês façam ou falem, não importa o seu comportamento, você está salvo!”
Essa foi a retórica que Satanás usou com Eva. Ele torceu as palavras de Deus que disse para Adão e Eva: “Não comam desse fruto” e Eva e Adão comeram do fruto, o resto da história vocês já sabem. Gn. 3:1-6.
O crer é a primeira das regras que temos que obedecer. Mas existem outros mandamentos como nos falou Isaías, e uma dessas regras é promover a Paz, imprescindível para sermos filhos de Deus. Jesus disse: “Felizes são os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus”.
A Bíblia reafirma: “O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, fica para sempre”. Jo. 8:35.
Vejamos essa verdade: Os judeus contemporâneos de Jesus reivindicaram essa filiação de “filhos de Deus”, mas Jesus lhes falou: “Vós tendes por pai, o Diabo...” Jo. 8:41-44. Não basta, como vimos nos textos citados, falarmos que somos filhos de Deus sem obedecer à Sua Palavra. Não basta apenas sermos recipientes da paz, temos que demonstra-la e transmiti-la a outros que não a tem.
Quero contar-lhes uma experiência pessoal que aconteceu quando fui trazido pelo Senhor para morar em Piabetá, Magé. Logo nos primeiros meses, eu passei por uma experiência inesquecível concernente à pacificação. O Espírito Santo propiciou-me o privilégio de levar a paz a um casal espírita. Eu já contei essa experiência a alguns irmãos da comunidade que faço parte.
O intuito de repeti-la e junto com minha oração, é para que Deus alcance algumas pessoas através dessa experiencia.
Eu e minha família morávamos em uma casa pastoral na parte detrás do templo da nossa igreja e na propriedade ao lado da casa, havia um centro espírita. O casal de moradores desse centro tinha aversão à crentes (era assim que eles nos denominavam). Todos os dias eu passava próximo ao homem do referido centro e o cumprimentava com um “bom dia”, ele virava o rosto para o lado oposto e a resposta dele era como se fosse um som de rosnado.
Eu não sei quantos meses levou essa rotina em que eu o cumprimentava gentilmente e ele respondia do mesmo jeito. Quanto mais ele me ignorava, eu ficava mais estimulado para alcançar aquela alma.
Mas num belo dia eu o cumprimentei como fazia todos os dias, e qual foi a minha surpresa ao ouvi-lo dizer “bom dia”. Confesso que tomei um baita susto, e a partir daquele dia passamos não somente a nos cumprimentar, mas ter uma boa amizade. Resumindo: Deus o salvou, como também o curou de um câncer e trouxe paz para ele. Eles fecharam o centro e Deus lhes deu uma nova vida. Passaram-se dois anos e nos encontramos novamente, pois eles tinham se mudado da cidade, e ele me disse estar firme em Jesus.
Assim como aquele homem, existem outros muitos iguais esperando por nós para levar-lhes a paz de Cristo.
Paulo nos exorta em Romanos 10:13-15.
O mundo está em um estado contínuo de guerra e Deus conta conosco para apaziguar. Somente a Igreja de Cristo é habilitada pra essa missão.
Deus nos chamou para à paz, não é bom andarmos em guerra. Tiago irmão do Senhor Jesus faz uma denúncia à Igreja de Jesus, para que não incorramos no mesmo erro daqueles que não têm paz. Vejamos: “Donde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos prazeres que nos vossos membros guerreiam?” Tiago 1:1.
Quantas vezes provocamos guerras em casa, nos lugares em que trabalhamos e convivemos e até mesmo na nossa própria igreja quando fazemos acepção de pessoas, e assim estamos a promover conflitos por onde passamos. Devemos tratar a todos com sentimentos de paz, para não incorrermos em pecado. Tiago 2:9 nos fala que: “Se, no entanto, vocês tratam as pessoas com parcialidade, cometem pecado...”
CONCLUSÃO
Finalizo este estudo mencionando um alerta do presbítero Pedro: “Porque chegou o tempo de começar o juízo pela casa de Deus; e, se começa por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?” 1 Pe. 4:17
Irmãos eu creio que estamos vivendo os últimos Dias. Os sinais da vinda de Jesus afunilam-se cada vez mais e a palavra do Senhor Jesus para nós é: “Sedes pacificadores”, pois só assim sereis chamados filhos de Deus e herdeiros.
Que Deus nos ajude nessa empreitada, pois tenho certeza que o nosso Pai nos espera de braços abertos dizendo: “Vinde benditos, possui por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.” Mt 25:34.
LIÇÃO 7 | DIÁLOGOS COM JESUS - O bem-aventurado
Mateus 5:10 (NAA)
“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus”
COMENTÁRIO:
Na bem-aventurança do versículo 6, felizes são aqueles que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos
Já nesta bem-aventurança em foco, mostra as consequências daqueles que exercem a justiça do reino de Deus, e essas consequências são bastante amargas; é provar um pouco do cálice do Senhor Jesus (dos seus sofrimentos).
Vivemos em um mundo em que as coisas certas são consideradas erradas, e as coisas erradas são consideradas certas. Este é um mundo regido por Satanás. Quando Jesus estava prestes a concluir o seu ministério na Terra, Ele fez a seguinte afirmativa: “Já não falarei muito com vocês, porque aí vem o príncipe do mundo, e ele não tem poder sobre mim...” Jo. 14:30. Este mundo que Jesus falou está sob as rédeas de Satanás, ele é o príncipe ao qual Jesus se referiu.
Ele também tem um reino, é o reino das trevas, que também têm súditos que compõem este sistema e que faz oposição a Deus e à Sua Igreja. Este sistema está continuamente e initerruptamente fazendo guerra a Igreja do rei Jesus.
Quando eu iniciei minha vida com Deus, ficava bastante intrigado por não ver a Igreja sofrer perseguições como os irmãos dos primeiros séculos.
A primeira observação que eu fiz foi que a Igreja Primitiva não tinha nenhum vínculo com o mundo daquela época. Eles jamais se desconectavam do Espírito Santo.
Segundo: Eles esperavam a vinda de Jesus para aqueles dias.
Terceiro: Eles pregavam a genuína palavra de Jesus, mesmo que lhes custassem prisões, açoites e até mesmo a morte.
Essa é a grande diferença daquela Igreja para a igreja do nosso século. Aquela era uma igreja calejada em perseguições e sofrimentos, pois a mesma andava nas pisaduras do Mestre Jesus. Já a Igreja atual em sua maior parte é desprovida desses predicados. A igreja atual já não escuta a mensagem do Mestre que diz: “No mundo tereis aflições...” Jo. 16:33, pois só quer os bônus do reino, mas não quer os ônus.
Vimos o apóstolo Paulo inspirado por Deus a dizer: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” Rm. 8:18. Paulo ratifica as palavras de Jesus. O bônus será o reino de Deus. A causa dos sofrimentos dos servos de Cristo é: Estamos em uma guerra. E nesta guerra temos um inimigo forte, pois o mesmo é invisível. “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” Ef. 6:12.
Estes principados do mal ordenam aos seus serviçais para perseguir os súditos de Jesus. Está muito em voga nos dias atuais uma palavra chamada polarização. Mas esta palavra vem de muitos tempos atrás e era conhecida por dualismo.
Dualismo é uma concepção filosófica e teológica do mundo baseada na presença de dois princípios ou duas substâncias, ou duas realidades opostas. Exemplo:
Deus e o diabo, bem e mal, céu e inferno, bom e ruim, certo e errado, salvação e perdição, rico e pobre, luz e trevas, verdade e mentira, relativismo e absolutismo, positivo e negativo, união e divisão, guerra e paz, etc.
Como vimos, é fato essa dualidade.
Jesus enfatiza essa realidade ao afirmar: “De agora em diante haverá cinco em uma casa: três contra dois, e dois contra três. O pai estará dividido contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra a sua sogra” Lc. 12:52, 53.
Esta é a causa das perseguições da bem-aventurança: o reino das trevas e seus derivados contra o Reino da Luz. Nesta guerra não há neutralidade, ou se segue a Jesus ou se segue a satanás. Neste exato momento em que estamos estudando, vários irmãos nossos estão fazendo trabalhos forçados porque não negaram a sua fé em Cristo e não negaram a identidade do reino do Rei Jesus. Por isso estão sendo perseguidos e foram separados de suas famílias. E outros preferiram morrer a ter que negar os preceitos do Reino da Luz.
É para esses valorosos irmãos que Jesus diz “vocês são bem-aventurados”, pois não O negaram, preferindo andar nas Suas pisadas. Façamos uma análise de como pode alguém que está sendo maltratado, sofrendo perseguições, sendo torturado psicologicamente, perdendo os seus bens, passando fome e sede, afirmar que é feliz?
Existe uma obviedade nestes fatos. Como nas outras bem-aventuranças, essas promessas estão no tempo futuro, Jesus os fará felizes. Jesus declara para todos os que sofrem perseguições por causa da justiça: “Eu lhes enxugarei dos olhos toda lágrima. E já não existirá mais morte, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” Apocalipse 21:4
Queridos prestem bastante atenção no que Jesus afirmou concernente a perseguição para nós que estamos inseridos no seu reino: “Lembrai-vos das palavras que eu vos disse: nenhum servo é maior do que o seu Senhor. Se me perseguiram, também vos perseguirão”. Jo. 15:20; “Se o mundo (sistema) vos odeia, sabeis que, antes de vós, odiou a mim” Jo. 15:18.
Porque vocês acham que a Igreja do primeiro século foi perseguida? Foi porque ela vivia como Jesus viveu e andava como Jesus andou. Ela não se conformava com aquele século, antes o condenava. Aquela Igreja preferiu obedecer a Deus do que obedecer aos homens. At. 4:19. Ela não se rendeu para aquele sistema, que por sinal, é o mesmo sistema atual. Aquela Igreja não aceitou o politicamente correto daquela época.
Por qual motivo João, o Batista foi decapitado? Porque ele denunciou um político que vivia em adultério, Jo. 14:4. Ele preferiu perder a sua cabeça a ter que omitir a verdade, e falou com veemência aos policiais corruptos: “Não defraudeis a ninguém, e contentai-vos com o vosso salário” Lc. 3:14. Com os publicanos ele foi contundente: “não peguem nada além do que está preestabelecido” Lc. 3:12
Aos avarentos ele entregou esta mensagem: “Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem, e quem tem alimentos faça da mesma maneira” Lc. 3:10, 11. Para os religiosos ele disse: “raça de víboras, quem disse que vocês escaparão da ira futura...”. Mt 3:7, 8. Essa é o tipo de mensagem que não se prega mais nos púlpitos das igrejas atuais, com raras exceções, pois essa mensagem atual não provoca perseguições.
Atualmente a grande maioria dos pregadores são covardes. Eles pregam mensagens de prosperidade, que só mostram as rosas e não mostram os espinhos. São mensagens que não mais confrontam o pecado e pregam somente o “amor”, mas se esquecem que o Amor verdadeiro confronta e livra os perdidos com a Verdade e fala da Justiça de Deus. Mas podemos ver que atualmente não se fala o que pode trazer perseguições, e prefere-se falar o que agrada a esse sistema que jaz no maligno.
Atualmente não se prega contra as práticas homossexuais por medo de represálias, não se combate a corrupção e mentiras em que vivem os poderosos. Não se fala mais que os jovens que são de Cristo, devem se manter puros, não se fala que adultério, fornicação e pornografia são pecados e todos os que se entregam a essas práticas “Não herdarão o Reino dos Céus” Gl. 5:16-21. Como sofreremos perseguições se estamos sendo coniventes com o reino das trevas? Estamos nos acovardando.
Vejam o que a Palavra fala para os covardes: “Agora pois apregoa aos ouvidos do povo dizendo: Quem for covarde e medroso, volte...” Jz. 7:3a. “Porém, quanto aos covardes, aos incrédulos, os depravados, os assassinos, os que praticam imoralidade sexual, os bruxos e ocultistas, os idólatras e todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago de fogo, que arde perpetuamente em meio ao enxofre. Esta é a segunda morte” Ap. 21:8.
Devemos nos envergonhar quando olhamos pelo retrovisor da história, e vemos a Igreja Primitiva, e pelos olhos da fé contemplamos aqueles irmãos corajosos enfrentando o Império Romano, os religiosos, os leões selvagens, as arenas e homens sanguinários e poderosos, e outras “bestas feras”. Esses irmãos não foram covardes, nem tímidos. Expuseram suas vidas por um bem maior e tinham a certeza da salvação das suas almas. Cada gota de sangue daqueles heróis da fé era um rastilho (não de pólvora) de sangue que Deus transformava e fazia germinar. Quanto mais matavam cristãos, mais cristãos eram multiplicados por todo o Império Romano.
Esses heróis da fé não conquistaram fama, não conquistaram belas casas, bons móveis e nem tinham relação com os poderes daquela época. Mas conquistaram um lugar bem pertinho do seu Mestre: “E, se eu for, e vos preparar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para onde eu estiver estejais vós também” Jo 14:3.
Eles deixaram também um legado de coragem e de sofrimentos para as gerações futuras. Nos deixaram um legado, pois o Senhor deles e também nosso, não é somente o Cordeiro de Deus, como também é o Leão da tribo de Judá!
Se nós como súditos do reino de Deus não estamos incomodando o reino das trevas, como aqueles súditos incomodaram aquele sistema de Satanás, precisamos urgentemente rever os nossos conceitos como seguidores de Jesus, para não ficarmos de fora do lugar que o nosso Rei preparou para os que vencerem Nele. Ap. 3:21.
CONCLUSÃO
O nosso Rei deu uma missão aos seus súditos do primeiro século e eles cumpriram cabalmente, pois os mesmos anunciaram o evangelho do reino começando por Jerusalém, Judéia, Samaria e até aos confins da terra. Atos 1:8. Através da coragem e da obediência deles, Deus nos alcançou também com o Evangelho do reino. Essa missão de anunciar o Evangelho do Reino, o Rei Jesus passou para nós que somos os súditos da última hora.
Teremos que alcançar outras pessoas que estão aprisionadas pelo príncipe deste mundo. Deus conta conosco para cumprir com sucesso esta missão, e temos também que cumprir o resto dos sofrimentos do nosso Mestre Jesus como parte do Seu corpo. Ou vamos temer perseguições e conflitos com o reino das trevas? Sejam por prisões e até a morte?
O nosso Rei espera que andemos nas suas pisadas, e quando chegarmos na glória do reino do Rei Jesus, Ele nos receberá dizendo: Vinde, vocês que passaram por grandes sofrimentos e não me negaram, foram obedientes a missão que lhes confiei. Entrai no repouso e conheça a verdadeira felicidade. Porque nada e nem ninguém tirará a felicidade eterna, que eu preparei para vocês. Que Deus nos abençoe e nos faça cumprir o Seu propósito.
LIÇÃO 8 | DIÁLOGOS COM JESUS - O bem-aventurado
Mateus 5:11, 12 (NAA)
— Bem-aventurados são vocês quando, por minha causa, os insultarem e os perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vocês.
Alegrem-se e exultem, porque é grande a sua recompensa nos céus; pois assim perseguiram os profetas que viveram antes de vocês.
COMENTÁRIO:
Jesus conclui as bem-aventuranças nos versículos acima citados. Até aqui Ele estabelece o padrão para quem quer fazer parte do seu reino. Essa padronização é um flagrante oposição aos padrões deste mundo. Antes de adentrar aos versículos 11 e 12, que apesar da similitude que existe com o versículo 10, poderemos analisar uma diferença entre esses versículos. Em todas as bem-aventuranças até o versículo 10, fica evidente que em todas elas os adjetivos estão no tempo presente.
Vejamos: “Bem-aventurados os pobres de espíritos, porque deles é o Reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”.
Todos esses predicados estão no presente. Diferentemente das promessas, que estão no tempo futuro. Os verbos predominantes das bem-aventuranças são: Herdarão, terão e serão. "Serão" é a forma conjugada do verbo ser na terceira pessoa do plural do futuro do presente do indicativo. Existe uma similitude com os demais verbos destas bem-aventuranças.
Como vimos, esses predicados exarados nas bem-aventuranças são as bases fundamentais de quem fará parte do reino de Deus. Claro, existe outros tantos fundamentos que estudaremos nos demais capítulos do sermão do monte. Posto isso vamos aos fatos desses textos em foco. Nas bem-aventuranças anteriores, vimos os súditos do reino sofrerem perseguições por causa do padrão de equidade do reino; e também pelos conflitos entre o reino de Deus e o reino das trevas, estudados na devocional passada. Como vimos, os servos do reino de Cristo sofrerem por causa da justiça do reino.
Já nestes dois versículos (11 e 12) a perseguição dar-se-á pelo fato de seguirmos a Jesus.
Jesus afirmou: “E odiados de todos sereis por causa do meu nome” Mt. 10:22. “Seremos” bem-aventurados quando: “Nos injuriarem e formos perseguidos, e mentirem contra nós; por causa do nome de Jesus” v. 11.
Definição de injúria: Injúria é uma conduta tipificada no código penal, que consiste no ofender a dignidade e o decoro de alguém. É atribuir a alguém qualidades negativas, não importando se falsas ou verdadeiras.
Façamos uma análise do versículo 11: — Bem-aventurados são vocês quando, por minha causa, os insultarem e os perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vocês.
Jesus previu que os seus súditos (seguidores) seriam injuriados; que falariam mal de nós. Será que Jesus quer que sejamos masoquistas? Temos que amar o sofrimento? Eu particularmente acho que não. Eu creio que Ele quer que comparemos que os sofrimentos deste tempo presente são infinitamente menores que a glória que em nós há de ser revelada. Rom. 8:18. Jesus não pede para nós, nada que ele (como homem) não tenha passado. Quem primeiro vivenciou “as perseguições, de ser injuriado, mentirem, disserem todo o mal contra vós?” Fomos nós? Ou Jesus?
Lembremo-nos que os contemporâneos de Jesus o chamaram de comilão e beberrão (cachaceiro) e ainda, amigo de pecadores. Aquilo foi: perseguição, mentira e injúria. Mt.11:19. Os fariseus o acusaram de expulsar demônios por Belzebu: “Então trouxeram a Jesus um endemoniado, cego e mudo. Jesus o curou, e o homem passou a falar e a ver.
E toda a multidão se admirava e dizia: — Não seria este, por acaso, o Filho de Davi?
Mas os fariseus, ouvindo isto, diziam: — Este não expulsa demônios senão pelo poder de Belzebu, o maioral dos demônios." Mt 12:22-24
Se injuriaram o nosso Mestre chamando-o: Príncipe dos demônios! Quanto mais a nós. Em algum momento sofreremos com palavras injuriosas! Se você sofreu algum tipo de injúria, glorifique a Deus, porque antes injuriaram o nosso Mestre. Os primeiros apóstolos também sofreram as mesmas perseguições que o seu Mestre sofrera. No livro dos Atos dos Apóstolos 5:41 e 42 encontramos esses fatos: “E eles se retiraram do Sinédrio muito alegres por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome. E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar que Jesus é o Cristo”.
O mundo nos hostiliza por causa do nome de Jesus. A injúria e a mentira são, talvez, as principais armas de Satanás, que é o príncipe deste mundo. A injúria é coirmã da mentira, que por sinal é filha do Diabo. João 8:44. Quantos servos de Jesus já foram alvejados por essas armas? Estevão foi um dos primeiros mártires da igreja. Foi alvejado pelos súditos do reino das trevas com “os dardos da mentira e da injúria”.
Leiamos Atos 6:8-13: “Estêvão, cheio de graça e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Então alguns dos que eram da sinagoga chamada dos Libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilícia e da província da Ásia se levantaram e discutiam com Estêvão. Mas eles não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava. Então subornaram alguns homens para que dissessem: — Ouvimos este homem proferir blasfêmias contra Moisés e contra Deus. Atiçaram o povo, os anciãos e os escribas e, investindo contra Estêvão, o agarraram e levaram ao Sinédrio. Apresentaram testemunhas falsas, que disseram: — Este homem não para de falar contra o lugar santo e contra a lei.”
Como vocês sabem, Estevão foi apedrejado e morto. E cumpriu-se também em Estevão o versículo 11 deste estudo. Ele foi injuriado, mentiram contra ele, e o perseguiram até a morte. E cumpriu-se também nele a bem-aventurança de quem sofre e, é perseguido até a morte por causa do nome de Jesus. Pois no momento em que estava sendo apedrejado os seus algozes viram a sua face brilhando de felicidade; pois ele olhando para o céu, viu Jesus assentado à direita de Deus. Atos 7:56: “E disse: Eis que vejo os céus, abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus”.
Estevão não questionou Deus por estar naquela condição. Pelo contrário; ele imitou ao seu Mestre e no momento da sua morte Ele intercedeu por seus carrascos dizendo: “Senhor, não lhes imputes este pecado”. E tendo dito isto, adormeceu. At. 7:60. Que grande privilégio teve Estevão, pois o mesmo só conhecia Jesus de ouvir falar. Mas no momento da sua morte, ele viu Jesus no lugar das mais altas honras! Estevão combateu o bom combate e teve a sua recompensa.
Versículo 12: “Alegrem-se e exultem, porque é grande a sua recompensa nos céus; pois assim perseguiram os profetas que viveram antes de vocês.”
Os verbos: Alegria e exultar na nossa língua são similares. Mas no grego são mais contundentes, pois têm um denotativo de: Alegrar-se excessivamente e dar saltos de júbilo.
A orientação de Jesus, é para que nós “Exultemos e alegremo-nos" quando formos perseguidos, porque receberemos um grande galardão nos céus. Neste versículo 12 Jesus usa como paradigma os profetas que foram antes da igreja daquela época e da nossa também. Na carta aos Hebreus 11:36-38 relata os sofrimentos desses “verdadeiros heróis”.
Muitos desses servos de Deus foram torturados e enfrentaram a fúria do diabo. Outros foram acorrentados e jogados aos cárceres, outros apedrejados, serrados ao meio, tentados, mortos ao fio da espada. Muitos, andaram sem rumo (por não terem para aonde ir), vestidos de pele de ovelha e de pele de cabras (para que os animais selvagens os devorassem), necessitados, angustiados e maltratados. Caminharam como refugiados, vagabundo pelos desertos e montes, pelas cavernas e buracos na terra. Pessoas das quais o mundo não era digno, de tê-los.
Temos nós, bebido do cálice das perseguições, desses ilustres servos de Deus? Jesus fez menção a um profeta que foi morto entre o santuário e o altar. Mt. 23:35: “Sobre vós recairá todo o sangue justo derramado na terra, desde o sangue de Abel, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o santuário e o altar”. Vocês sabem porque o profeta Zacarias foi morto? Porque ele não temeu falar a verdadeira palavra de Deus.
Iremos analisar o outro lado da moeda “das perseguições”.
O cristão não deve reclamar quando for perseguido; porque praticou males. O apóstolo Pedro ratifica essa verdade na sua primeira carta no capítulo 4, versículo 15 e 16: “Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios; mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte”.
Existem muitos crentes que estão passando dificuldades, oriundo das perseguições que eles mesmos provocam. Exemplo: Quando o cristão é demitido do seu trabalho porque falta 4 vezes ao mês ou quando é insubordinado e preguiçoso, fazendo o trabalho de qualquer jeito. Esse irmão não pode dizer que está sendo perseguido por causa do nome de Jesus. Pelo contrário, ele deve se envergonhar.
Quando um aluno cristão não estudou para a prova que faria, e assim é reprovado; ele não deve verbalizar que o seu professor o persegue por ele ser cristão.
Quando uma jovem cristã namora um moço crente e percebe que o mesmo não gosta de trabalhar, não gosta de estudar, é desobediente aos pais, não é comprometido com o Reino de Cristo, é um mau crente. Mesmo assim, ela teima e casa-se com esse moço apesar dos maus predicados desse rapaz. Essa moça não pode culpar Deus por causa da sua má escolha.
Quando um servo do reino compra além das suas posses, ele não pode reclamar quando o seu nome for para o serviço de proteção ao crédito. Ele deveria se envergonhar por não santificar o nome de Jesus.
Existem muitos crentes que são inimigos do trabalho, e ainda dizem que estão sendo provados e perseguidos. “Vai ter com a formiga ó preguiçoso”, diz Pv. 6:6. Têm alguns pastores que deveria absorver a advertência do apóstolo Pedro: “Não se entremeta em negócios alheios”. Esses pastores injuriam autoridades, quando na verdade deveriam orar por essas autoridades. Eles não somente deveriam orar pelas autoridades, como também ensinar aos seus comandados. Quando esses pastores forem apenados e condenados irão dizer: “Estamos sendo perseguidos, por causa do nome de Jesus, e pela justiça do reino”. Isto não é verdade, pois estão se intrometendo com o que não lhes compete. A competência deles é ensinar as ovelhas de Cristo, e conduzi-las aos pastos verdejantes, que é a palavra de Deus.
É flagrante a diferença daqueles que sofrem perseguições por causa do nome de Jesus e daqueles que sofrem por causa dos seus maus feitos. A Bíblia diz: “De que se queixa pois o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados”. Lm. 3:39. Para esses últimos, Jesus não os chamará de “Bem-aventurados”.
CONCLUSÃO
Ao concluir as bem-aventuranças Jesus deixa claro para os seus seguidores que eles precisarão se esforçar muito para entrar no seu reino.
Vejam o que Ele deixou escrito na sua constituição: “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” 2 Tm. 3:12. “Porque a vós vos foi concedido; em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por Ele” Fl. 1:29. “E, desde os dias de João Batista, até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele” Mt.11:12.
Que o Deus todo poderoso nos abençoe dando-nos a fé de Abraão para conquistarmos a Canaã celestial, e nos dê a ousadia de Davi para vencermos as batalhas que se nos apresentam.
LIÇÃO 9 | DIÁLOGOS COM JESUS - O sal
— Vocês são o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.
COMENTÁRIO
Nas bem-aventuranças o Rei Jesus mostra aos seus súditos o padrão exigido pelo seu reino. Esse padrão é o caráter de cada um dos seus súditos. E isto só é possível porque o próprio Jesus é o nosso protótipo.
Pois, foi graças a Ele que os seus seguidores adquiriram esse caráter: “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados” Ef. 2:1.
Um morto não tem condição alguma de ouvir: “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” Ef. 2:4, 5. Foi o próprio Jesus que inoculou em nós a fé salvadora. É através dessa fé que nós recebemos o Espírito Santo. E é o Espírito que nos molda segundo o caráter de Cristo, condição imprescindível para fazermos parte do seu reino.
É importante entendermos, que só recebemos o caráter de Jesus quando o ouvimos e somos inseridos no seu reino. Jesus afirmou: “Vós sois o sal da terra”. Ele espera que nós como “sal”, venhamos influenciar esta sociedade que está corrompida. Antes de analisar o lado metafórico do texto, traremos algumas informações do sal NaCl e da sua importância.
Vocês sabiam que o sal conhecido quimicamente como NaCl, foi tão importante na antiguidade quanto o petróleo é hoje? Vocês sabiam, que as nações guerreavam, por causa do sal? O sal era uma das principais comodities da antiguidade. O famoso império Romano tornou-se muito mais rico por que detinha o monopólio do sal.
O império Romano através da sua força comandava as extrações do sal, tanto das jazidas, quanto das águas marinhas. Com essas riquezas pôde pavimentar as principais estradas do mundo daquela época, “facilitando e preparando o mundo para receber o Messias”. O sal serviu durante muito tempo como moeda. Vocês sabiam que os soldados romanos recebiam o seu salário com sal? Foi daí que derivou o vocábulo “salário”. Vocês sabiam que soldado é aquele que recebe o seu soldo com sal?
A importância do sal na antiguidade
Os antigos, usavam o sal como moeda de troca. Quando os homens da antiguidade viajavam eles levavam sal na sua bagagem. Além do sal servir como moeda, ele também era muito usado na culinária. Trazendo sabor aos alimentos e preservando principalmente as carnes de toda espécie de animais.
O sal é imprescindível para a subsistência da carne humana e dos animais. Você sabia que o nosso corpo tem 270 gramas de sal? E o sal têm 87 minerais que mantém o equilíbrio humano.
O poder terapêutico do sal
Antes do antibiótico ser descoberto os médicos usavam o sal para combater as bactérias. Os soldados quando eram feridos em guerras, seus ferimentos eram curados a base do sal. Aliás, era obrigatório um exército quando fosse à guerra levar uma grande quantidade de sal. No passado não muito remoto era praxe as parteiras, após o nascimento de uma criança, lavar e passar sal no umbigo do recém-nascido. Ez. 16: 4.
O sal ainda é muito usado em lugares onde não têm eletricidade, para preservar: caças, peixes e aves. O sal mata e evita as bactérias e os bacilos, para que a carne não venha se decompor.
O sal na culinária
Pensem em um cardápio da sua preferência e que contenha os melhores temperos, mas esqueceram de colocar sal. Esse prato fica saboroso? A pergunta é retórica: não. Vejam o excepcional valor que tem o sal.
A imponência do sal
O sal é o “rei dos temperos”. O sal não é influenciável, muito pelo contrário, ele é imponente e não aceita ser influenciado. Coloque uma banana em cima do sol e você constatará que o sal não irá pegar o gosto da banana. Qualquer outro tipo de alimento ao ser colocado em cima do sal, não irá influenciá-lo, ou seja, o sal é imponente. Qualquer outro tipo de tempero ficará apequenado diante dele, ao contrário, todos os temperos precisam do sal.
Vejamos a força do sal: “Ponham em uma panela 300 colheres de arroz, e bastará apenas 3 colheres de sal para que o mesmo exerça domínio sobre as trezentas colheres de arroz”
A humildade do sal
Vocês já observaram, que apesar das múltiplas utilidades do sal e a dependência dos demais temperos dele, ele não aparece? Conseguem visualizar o sal depois de misturado a qualquer alimento? Não. Porque quem aparecerá é o sabor. Essa comparação te lembra de alguém que é todo Poderoso, mas nós não o vemos, somente sentimos o seu amor, a sua bondade, os seus cuidados para conosco e a sua Graça.
Em um copo de água, ao adicionar 5 gramas de corante e misturar, o corante aparecerá. Se fizer o mesmo com o sal, só poderá sentir a presença dele na água, mas não o verá. O sal não tem como finalidade aparecer, ele não foi talhado para essa finalidade. Até mesmo no supermercado não vemos propaganda de sal e nem destaque em promoção ou lugar nas prateleiras, ele sempre fica embaixo de outras mercadorias. Até mesmo nas listas que cada dona do lar faz, o sal fica esquecido ou é lembrado em último.
Mesmo preterido, o sal tem o seu lugar e não perde seu valor. Ele não precisa de exaltação, basta manifestar o seu sabor. Isso trás uma lição para nós, lembrem-se que somos o sal da terra e temos a missão de mostrar (exalando sabor) aquele que habita em nós.
Não temos que aparecer. Quando alguém se diz ou parece ser sal, e quer aparecer, brilhar ou posição de destaque, “provavelmente essa pessoa não é sal da terra”. Quem deve brilhar através da nossa instrumentalidade é Cristo. Pois o mesmo é “a resplandecente estrela da manhã” Ap. 22:16.
Como sal, o nosso dever é dar sabor (equilíbrio) a este mundo. Observem que Jesus disse: “Vós sois o sal da terra”. Veja que “vós” está no plural. Ele está dizendo que cada um de nós (membros do seu corpo) somos sal.
Ele não está se referindo a sua igreja universal, como um só corpo. Mas sim, na sua individualidade; como membros do seu corpo. A cada um de nós, ele chama de sal. Como sal precisamos dar sabor, aonde quer que estejamos. Tem pessoas que ao nos aproximarmos sentimos um bem estar, e sentimos uma paz e também uma satisfação, e o tempo passa rapidamente. Aprende-se muito com essas pessoas. Conheci várias pessoas assim, mas citarei dois irmãos, um diácono e um pastor.
E foi um privilégio conhece-los, sentia paz em estar com eles. O diácono que se chamava Miguel, se destacava com amor, generosidade e apego à obra de Deus e às pessoas.
O pastor Aldovrando, me edificava com muita sabedoria e tino espiritual. Como eu aprendi, pois além da sua vasta cultura, ele esbanjava experiência. Esses servos de Deus me proporcionaram ricas lições. Eles exalaram sal por onde passaram; dando sabor ao ambiente que os mesmos frequentavam.
Certamente vocês já conviveram ou convivem com alguém dessa “estirpe”. Quero fazer uma observação: O sal só cumpre o seu propósito quando ele está dentro dos alimentos. É aí que ele influencia. Nós como sal que somos, temos que estar no meio dessa sociedade para influenciá-la. O sal quando está no meio dos alimentos; ele não é influenciado.
O sal fora da panela perde o seu valor. Jesus andava no meio da sociedade da sua época (todo tipo de pecadores) mas não se contaminava. Ele não era influenciado, muito pelo contrário, Ele mudou a vida de prostitutas, cobradores de impostos desonestos, religiosos hipócritas e, até na sua morte Ele salvou um ladrão, como a vida de tantos outros pecadores.
Lembremo-nos que Jesus é a “Jazida” de onde viemos. Vejam o que o “sal” Paulo disse: “E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.
Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns” 1 Cor. 9:20-22. Paulo entendeu a sua missão de ser sal para influenciar e salvar (salgar) sua geração.
Um dos maiores ganhadores de almas da América do Norte conta em seu livro “Conquistando almas, lá fora onde os pecadores estão”, que um dia fora convidado por um grupo de irmãs para pregar uma mensagem que as direcionassem a salvar uma moça que morava em frente a congregação onde elas congregavam. A referida moça era uma prostituta.
O missionário ao assumir a palavra, perguntou àquelas irmãs: “O que vocês estão fazendo para ganhar (influenciar) essa moça?”. As irmãs responderam: “Estamos orando a dois anos para que Deus a salve”. O missionário lhes disse: “Enquanto vocês continuarem orando por essa moça sem ir ao encontro dela, ela continuará marchando para o inferno e sem esperança de salvação. Mudem a atitudes de vocês e vão até ela, se aproximem dela, e falem que Jesus morreu no lugar dela, pra que ela fosse salva. Salguem ela”.
O sal enquanto estiver no saleiro não salvará essa nossa sociedade. Enquanto estivermos encastelados na nossa comunidade, a violência aumentará, as injustiças se proliferarão velozmente, os drogados aumentarão, as adolescentes e as jovens da nossa cidade continuarão se prostituindo. Enfim, o pecado continuará destruindo essa sociedade, precisamos sair das quatros paredes. Existem bastante “carne” se estragando e esperando pelo sal da terra, que somos nós.
Iremos analisar a segunda parte do propósito do sal
Vimos na primeira parte o sal influenciando e dando sabor a esta sociedade. Veremos agora o sal como elemento “preservador” dessa sociedade. Até 1875 a humanidade usava o sal (não somente para dar sabor aos alimentos) para preservar as carnes. Pois não havia até então refrigerador, que só foi inventado em 1876 por Charles Teles.
Antes dessa data, todos procuravam o sal para preservar as carnes, pois não era todos os dias que eles podiam adquirir carnes frescas. Alguns pescadores ao sair para a pesca, levavam grande quantidade de sal, principalmente quando passavam vários dias no mar. Eles ao pescar limpavam os peixes e os salgavam para evitar o processo de putrefação. O sal inibia as bactérias, para que as mesmas não se multiplicassem. Quanto mais sal mais eles ficavam no mar. O sal para os pescadores era prenúncio de prosperidade e de sucesso na sua jornada.
Jesus nos chama de sal objetivando que nós inibamos as “bactérias espirituais” dessa sociedade. Quando o bairro, a cidade, o Estado ou o País em que vivemos são dominados pela violência, pela corrupção, pela injustiça e por todos os poderes do inferno, é porque esses lugares estão faltando o verdadeiro sal, para inibir esses poderes do mal.
O sal químico cumpre o seu objetivo quando é colocado nas bactérias, inibindo-as e eliminando-as. E nós que somos o “sal humano”, temos cumprido o propósito de Deus? Temos afugentado esses poderes do mal? Estamos orando e agindo com o objetivo para que Deus venha com o seu poder rechaçar o mal desses lugares em que vivemos? Ou Estamos culpando as autoridades constituídas, eximindo-nos das nossas responsabilidades?
“Não existe em todo mundo, além da igreja, uma instituição que possa combater as portas ou poderes do inferno, senão a igreja de Cristo”. Vamos olhar pelo retrovisor da história das civilizações antigas e analisarmos juntos quais as principais causas da destruição da cidade de Sodoma, e as cidades circunvizinhas.
Primeira: o pecado apodreceu o tecido social daquelas cidades. Isto é fato.
Segunda: Faltou “sal” para inibir a podridão existente lá.
Deus compartilhou com Abraão, que iria destruir essas cidades. Abraão querendo salvar o seu sobrinho Ló questionou a Deus dizendo: Destruirás também o justo com o ímpio? - Gn. 18:23. Esse questionamento perdurou até o versículo 32. Deus falou a Abraão que se houvesse naquelas cidades dez pessoas justas (sal), Ele não destruiria àquelas cidades. Ou seja, o pecado foi a primeira causa de destruição daquela sociedade. Mas se houvesse justos (sal) suficiente para inibir as bactérias do pecado, certamente elas não seriam destruídas.
Imaginemos que naquelas cidades haveria duas mil pessoas. Vamos conjecturar embasados na exigência de Deus que bastaria apenas dez justos (sal) para aquelas cidades serem preservadas. Imaginem que cada justo equivaleria a um quilo de sal. Logo aquelas cidades precisariam de dez quilos de sal para “salgar” duas mil pessoas. Era a quantidade de sal que elas precisariam para serem preservadas.
Seguindo esse raciocínio aquelas cidades só tinham um justo, quantidade insuficiente para salgar (salvar) tantas vidas. Mesmo assim as cidades só foram destruídas após o único justo ser tirado delas. Vocês sabem, porque o mundo não está pior? É por causa dos justos, ou sal, que somos nós. Quando o sal for tirado da terra a mesma entrará em estado de putrefação total.
Somos nós que somos o sal da terra. E somos nós que estamos inibindo o anticristo. Enquanto nós (os verdadeiros sal) não formos tirados da terra o anticristo não virá pessoalmente. Paulo escreve aos crentes de Tessalônica: “E, agora, vocês sabem o que o detém, para que ele seja revelado a seu tempo” - 2 Tess. 2:6. Ou seja, nós que somos o corpo de Cristo, e também o sal da terra, é quem está detendo o filho da perdição.
A insipiência do sal
O sal NaCl, é composto de cloreto de sódio. Esse sal dificilmente perde a sua eficácia. O sal ao qual Jesus se refere é o sal extraído do mar morto. Esse referido sal, quando não era armazenado adequadamente perdia rapidamente a sua eficácia e ficava arenoso. E só servia para pavimentar as estradas, e era assim, pisado pelos homens.
Quando o sal humano perde o seu sabor e torna-se insipiente (sem eficácia)? Quando ele se envolve com o reino das travas e fica mais parecido com os filhos deste mundo. É aí que começa a sua decadência e consequentemente esse sal fica idêntico ao sal do mar morto, entra em decomposição. Já não consegue mais dar sabor a essa sociedade nem à preserva, torna-se arenoso. Só servirá para ser pisado pelos homens.
Quantas pessoas que um dia evangelizaram, serviram e foram instrumentos de mudança na vida de alguém e agora estão em estado de “insípidos”. Desviaram-se do Caminho do Evangelho. Também não são poucas as igrejas que se perderam e o foco já não é mais pregar a Palavra que produz a verdadeira vida. Estão focadas no dinheiro, poder e estrelato.
Eles não têm origem “Naquele que tem dentro de si, rios de águas viva”. João 7:38. Eles referem ser extraídos das águas do mar morto. Ao invés de tornarem-se sal extraídos da jazida que é Jesus; preferem tornar-se areia (sal insosso).
Quantos bairros ou cidades que eram tão violentos e hoje não são mais? Eram assim pela ausência de igrejas de Cristo (sal suficiente), e hoje temos um outro quadro social com a presença de tantos servos que se reúnem para fazer a diferença. O tecido social desses lugares está sendo preservado pelo sal.
CONCLUSÃO
Concluo este estudo analisando o outro aspecto do sal. Como “sal” somos desprezados, rejeitados muitas vezes, humilhados, mas necessários à esta sociedade. O sal apesar das suas múltiplas funções, é deixado de lado pelo mundo, mas o mesmo necessita desesperadamente do sal. E este provoca sede quando está em contato com esta sociedade.
Que venhamos nos colocar nas mãos do Espírito Santo, pois é Ele que mantém a nossa eficácia. E ao chegarmos ao lugar que Jesus preparou para nós, apresentemo-nos como “o sal que cumpriu bem, o seu propósito” salvando (salgando) muitas vidas. A nossa oração deve ser para que o nosso Deus nos conserve “sal” até a sua vinda.
LIÇÃO 10 | DIÁLOGOS COM JESUS - A luz
Mateus 5:14-16 (NAA)
— Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada no alto de um monte.
Nem se acende uma lamparina para colocá-la debaixo de um cesto, mas num lugar adequado onde ilumina bem todos os que estão na casa. Assim brilhe também a luz de vocês diante dos outros, para que vejam as boas obras que vocês fazem e glorifiquem o Pai de vocês, que está nos céus.
COMENTÁRIO
Na lição anterior Jesus diz: “Que somos o sal da terra”. Já nesta lição Ele mais uma vez recorre a uma metáfora. E afirma: “Vós sois a luz do mundo”. Vamos entender porque nós somos a luz do mundo.
Quando Deus criou o mundo; a Bíblia afirma: “Disse Deus: Haja luz” Gn.1:3. Observe que no exato momento em que Deus verbalizou: “Haja luz, houve luz”. Que luz seria aquela? Visto que o sol e a lua só vieram a existir no quarto dia – Gn 1:14. Vejam que Deus não criou o sol e a lua para iluminar a sua criação. E sim, para governar o dia e à noite; e também, para definir as estações, dias e anos.
Vejam que a luz aparece no primeiro dia da criação. Que luz era aquela? Visto que não era o sol, pois o mesmo só aparece no quarto dia. A partir do momento que lermos alguns textos bíblicos é que começaremos a entender qual era aquela luz. Disse Jesus: “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” João 8:12, “E esta é a mensagem que Dele ouvimos, e vos anunciamos; que Deus é luz, e que não há Nele trevas nenhumas” 1 João 1:5, “Toda a boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” Tiago 1:17, “Pois, no passado éreis trevas, mais agora sois luz no Senhor” Ef. 5:8.
Ao lermos estes textos começamos a entender como e porque somos luz. É a partir de termos lido estes textos, que passaremos a entender melhor qual luz era aquela que apareceu no primeiro dia da criação. João disse “Deus é luz”, Tiago afirmou “Deus é o Pai das luzes”, João no seu Evangelho reafirma: “Que Jesus é a luz do mundo”. Logo, a luz que aparece no primeiro dia era uma parte de Eloim, que ao falar “Haja luz”, ou seja, a luz que está em Nós (em Deus). E logo a luz apareceu na escuridão e as trevas foram dissipadas.
O livro do Apocalipse 21:23, corrobora com a dissertação acima citada. Leiamos: “A cidade também não necessita do sol nem da lua para que brilhe sobre ela, pois a plena glória de Deus a ilumina e o Cordeiro é o seu candelabro (luz)”. João o discípulo que mais se aproximou de Jesus, ou seja, quem mais teve intimidade com o Senhor confirma as passagens que lemos acima citadas: “Todas as coisas foram feitas através Dele e, sem Ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens; e a luz resplandece nas trevas, mas, as trevas não a venceram” 1 João 1:4, 5. Ler também Gn. 1:2.
Ficou claro que a luz que aparece no primeiro dia da criação foi uma liberação de Eloim para que a segunda pessoa da Trindade se manifestasse e a luz resplandeceu nas trevas – Jo 1:5. Agora vamos captar melhor, após termos entendido que Jesus é o vetor da luz, torna-se mais fácil para nós entendermos porque Jesus disse: “Vós sois a luz”.
Façamos aqui um paralelo entre a luz elétrica e a luz que Jesus transmite para os seus seguidores. Antes da luz elétrica chegar às nossas casas, sai da usina e passa pelos transformadores de tensão nas subestações que diminuem a voltagem. A partir daí a energia elétrica segue pelas redes de distribuições onde os fios instalados nos postes levam a energia (luz) às nossas ruas e, também às nossas casas.
Faremos mais uma metáfora desses fatos acima citados. Façamos uma correlação com a luz que emana de Deus para os seus seguidores. A luz que nós (seguidores de Jesus) recebemos de Deus tem uma certa semelhança com a luz que recebemos em nossas casas, só que a luz que chega as nossas casas “é terrena, vem de baixo”. A luz que recebemos de Deus “é espiritual, vem do alto, do pai das luzes”. Eis a metáfora: “Deus Pai é a usina, Jesus é o transformador de tensão, o Espírito santo é a subestação que diminui a voltagem (que nos capacita, e nos prepara para fazermos parte da natureza Divina), o Evangelho é a rede de distribuição, a fé são os postes, a Graça equivale aos fios que trazem luz de Deus para nós”.
Quando esse processo acima citado nos alcança, recebemos luz de Deus para entendermos alguns mistérios de Deus e passamos a entender que a verdadeira luz é Jesus – “falou-lhes pois Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” Jo 8:12. Nós refletimos a glória de Jesus e isto só acontece após recebermos d’Ele a fé salvadora, juntamente com a graça – Ef 2:8.
É neste exato momento em que recebemos este dom, que começa em nós o processo de conversão e do novo nascimento. É a partir da formação do novo homem em nós que Cristo transfere o seu brilho para nós e “passamos do reino das trevas, em que vivíamos, fomos transportados para o reino do seu filho amado” Col 1:13; 2 Cor 4:6.
Fica claro que segundo esse texto lido, a luz que temos vem de Jesus. Posto isto vamos a análise dos textos deste estudo.
“Vós sois a luz do mundo”. Vamos entender quais as funções da luz: “Primeiro a luz dissipa as trevas; segundo, a luz mostra caminhos; terceiro, a luz traz brilho à escuridão; a luz, possibilita novos horizontes”.
Foi exatamente o que aconteceu no primeiro dia da criação, a Bíblia declara: “A terra era sem forma e vazia. As trevas envolviam toda a terra, e o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas, disse Deus: haja luz, e houve luz” Gn 1:2, 3. Quando Deus trouxe luz a terra, Ele disse: “Boa é a luz” Gn 1:4. Alguém dentre nós, têm dúvidas que este mundo está em trevas? Sobeja maldade neste mundo, as trevas inundaram este mundo.
Ao ler o capítulo 6 do livro do Gênesis, do versículo 5 ao 8, fica-se sabendo as causas pelas quais quase toda aquela geração foi destruída. Entendemos ao lermos estes versículos que as trevas espirituais, juntos com a maldade nos corações dos homens, a inundaram de trevas.
É importante observarmos a similitude daquela geração com a geração de Sodoma e as cidades circunvizinhas, ambas faltavam pessoas justas. Sodoma só tinha um justo e aquela geração antediluviana também só tinha um justo, o restante se corrompeu. Faltou luz suficiente àquela geração para iluminá-los. Outra função da luz é permitir que todos os seres vivos tenham uma visão clara. Deus nos deu a luz que emana de Cristo para que todos os seres humanos recebam a iluminação de Jesus através da nossa instrumentalidade – 2 Cor 4:6. O ser humano precisa dessa luz para enxergar a verdadeira luz, que é Jesus.
Nós como igreja de Jesus e também como luz, não podemos nos esconder. Esta geração está vivendo na escuridão e as trevas espirituais têm coberto essa geração. A solução para isso não são os homens da ciência, mas o que esta geração precisa está em nós, Jesus foi enfático ao afirmar: “Vós sois a luz do mundo”.
Nós como igreja e luz, somos a única alternativa para o mundo que está em trevas. 1 João 5:19; Lucas 1:79; Atos 26:18. “Não se pode esconder uma cidade situada no alto de um monte” Mt 5:14b. Jesus aqui neste texto nos compara (se formos luz) a uma cidade edificada sobre um monte. Jesus está falando em um contexto em que várias cidades eram edificadas em cima de uma montanha. A cidade de Sião fora construída no monte que leva o seu próprio nome.
Existem no Brasil cinco cidades que foram construídas em cima de montanhas, mas quero destacar a cidade de Petrópolis, aqui no Rio de Janeiro. É possível alguém vindo à noite do município de Duque de Caxias e entrar nas Rodovias Washington Luiz e na Rio Magé, e não enxergar o alto de Petrópolis? Ė quase impossível não vê-la.
Jesus nos compara a uma cidade edificada sobre um monte. Assim sendo é impossível que alguém que está em trevas não nos enxergue. Somos nós como uma cidade edificada por Jesus que temos que fazer a diferença em meio a uma sociedade corrompida e perversa. Essa sociedade tem que olhar pra nós (como uma cidade edificada) e também como luz, e enxergar o caminho que é Jesus.
A nossa função como luz é iluminar as trevas e influenciar este mundo. Não há nem haverá nenhuma treva que possa resistir a luz. Experimente acender um palito de fósforo em um lugar escuro e verás que, enquanto o palito durar as trevas fugirão. Nós somos, como uma cidade construída no cimo do monte. É impossível o mundo não nos enxergar, se na verdade estivermos conectados em Jesus.
“Nem se acende uma lamparina para colocá-la debaixo de um cesto, mas num lugar adequado onde ilumina bem todos os que estão na casa.” Mt 5:15. Jesus segue o mesmo raciocínio anterior, ou seja, “que uma cidade edificada sobre um monte não pode ser escondida”. Como da mesma forma “Nem se acende uma lamparina para colocá-la debaixo de um cesto, mas num lugar adequado onde ilumina bem todos os que estão na casa.”
É ilógico alguém que acende uma vela no escuro e coloca essa vela embaixo de um balde de alumínio. Deus escolheu um grupo de pessoas e os regenerou, e os chamou de luz: “Vós sois a luz do mundo” v.14. Essa afirmativa de Jesus é ratificada no Apocalipse 1:20. Na última parte deste versículo reafirma o que Jesus afirmou em Mateus. Ele diz: “E os sete candelabro, ou candeia são as sete igrejas”
Aqui neste texto Ele diz que as igrejas são candelabros, que era a luz daquela época. A igreja como luz do mundo não pode estar confinada em redutos institucionais. Os participantes da Igreja de Cristo foram chamados para fora do aconchego dos seus lares, para se reunirem e ficarem expostos por este mundo.
Deus nos deu da sua luz para que dissipássemos as trevas. Não podemos nos esconder. É impossível as trevas não nos enxergar, Deus nos colocou em uma prateleira, que é “essa sociedade”. Temos que estar no velador – lugar onde se colocavam as Candeias – para iluminar todos que estão na casa. Nós somos a luz no velador e o mundo (sociedade) é a casa que precisa de luz.
“Assim brilhe também a luz de vocês diante dos outros, para que vejam as boas obras que vocês fazem e glorifiquem o Pai de vocês, que está nos céus.” Mt 5:16
Aqui neste texto Jesus não está dando uma sugestão e sim uma ordem. Um imperativo. Do aoristo no grego, que tem o significado de alguém superior que dá uma ordem sem limite, é um verbo de destaque.
O nosso rei dá uma ordem. Veja que o texto não diz “quando puder, resplandeça a vossa luz”, Ele foi contundente “assim resplandeça a vossa luz (brilhe)”. Diante desse imperativo do nosso Rei, precisamos brilhar, resplandecer, cintilar e luzir. A finalidade principal pelas quais devemos brilhar, é para que os homens vejam as nossas boas obras; e para que os homens (sociedade) venham glorificar o nosso Pai que está nos céus. Lembremo-nos que somos filhos do “Pai das luzes” Tg 1:17. Lembrem-se das bem-aventuranças, descritas nos versículos anteriores. Nós só conseguiremos brilhar ou praticar as boas obras quando aplicamos as características ou caráter das bem-aventuranças no nosso cotidiano.
Nós manifestamos as obras que farão os homens glorificarem nosso Pai que está nos céus quando exercitamos a “humildade”. Alguém que exerce a humildade é vista pelos homens? Essa atitude quando praticada por um súdito do rei faz com que os homens venham a glorificar o nosso pai?
Os que choram por causa das suas misérias advindas dos seus próprios pecados glorificam a Deus? Quando somos mansos chamamos a atenção dos homens e os mesmos glorificam ao nosso Pai? Quando temos fome e sede de justiça, somos vistos pelos homens e, consequentemente; essas ações levarão os homens a glorificar, o nosso pai que está nos céus?
Quando exercermos a misericórdia para com o nosso próximo, o mesmo, glorificará o Pai nosso que está nos céus? Quando temos um coração limpo (sem maldade), isso induz alguém a glorificar o Pai que está nos céus? Quando, em meio a embates e contendas, entramos como pacificadores, nossa atitude faz com que os homens glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus?
Quando sofremos perseguições por causa da justiça do reino dos céus, estamos glorificando o nosso Pai que está nos céus? Quando somos insultados, injuriados e mentirem contra nós, por causa do nome de Jesus, o nome do nosso Pai é glorificado? Vocês observaram que todas essas perguntas, são perguntas retóricas! Quando nós praticamos as bem-aventuranças estamos brilhando e manifestando as boas obras.
Essas boas obras irão ser vistas pelos homens, e eles por sua vez glorificarão ao nosso Pai que está nos céus. Consequentemente “as trevas serão dissipadas, e vidas serão iluminadas, e os seus olhos enxergarão a Jesus” Mt 4:16.
CONCLUSÃO
Na lição anterior Jesus diz que somos o sal da terra. E como sal nós não deveremos aparecer e, sim, influenciar esta geração, dando sabor a ela. Já nesta lição, diferentemente do sal que não deveria aparecer, nós como luz do mundo não deveremos nos esconder. Como luz no mundo precisamos nos manifestar, precisamos, resplandecer e brilhar em meio as trevas. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus” v.16.
Que Deus continue a brilhar através das nossas condutas.
LIÇÃO 11 - DIÁLOGOS COM JESUS - A lei e a justiça
Mateus 5:17-20 (NAA)
— Não pensem que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, mas para cumprir.
Porque em verdade lhes digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.
Aquele, pois, que desrespeitar um destes mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado mínimo no Reino dos Céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no Reino dos Céus.
Porque eu afirmo que, se a justiça de vocês não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrarão no Reino dos Céus.
COMENTÁRIO
Estamos adentrando na terceira parte do capítulo 5 do livro de Mateus. Na primeira parte deste capítulo Jesus mostra as características de quem fará parte do seu reino explicitando “As bem-aventuranças”. Nas bem-aventuranças se encontram o modelo dos cidadãos do reino dos céus – Mt. 5:3-12.
Na segunda parte deste mesmo capítulo, Jesus fala da influência que os cidadãos do seu reino devem exercer nesta sociedade. Para isto Ele recorre às metáforas do “sal” e da “luz”. Na terceira parte deste capítulo Jesus fala sobre a lei. Iremos procurar entender a que lei Ele se refere, e para aclarar melhor a compreensão deste assunto iremos recorrer ao estudo das “dispensações, ou alianças”, ainda que de um modo suscinto.
Primeiro, vamos conhecer o que é uma dispensação, ou aliança. Uma dispensação é um período probatório em que Deus prova o homem a respeito da sua obediência, a vontade Divina.
Primeira dispensação – Dispensação da inocência: Naquela dispensação o homem vivia em um estado de pureza e tinha uma conexão direta com o Criador, sem nenhum tipo de mediação. Foi naquela aliança que Deus inoculou no ser humano, a primeira lei Gn 2:16, 17. O resultado final daquela aliança foi a transgressão do homem, e o mesmo sendo expulso do paraíso Gn 3:33.
Segunda dispensação – Aliança da consciência: Foi a partir daquela aliança que o ser humano colhe as consequências da sua desobediência, conhecendo verdadeiramente “O bem e o mal”. Neste caso ele ficou conhecendo “o mal”, pois “o bem” ele já conhecia antes de desobedecer. Essa lei Deus colocou na consciência de todo ser humano Gn 3:22; Rm 2:15. Mesmo após Deus ter colocado essa lei dentro do homem, ele optou por se corromper. E teve como castigo o dilúvio, que matou quase todas as vidas daquela época Gn 6:12.
Terceira dispensação – A dispensação do governo humano: Naquela dispensação que começou após o dilúvio, Deus deu a Noé e aos seus filhos o governo daquela sociedade pós diluviana. Aquela dispensação termina com os homens em rebeldia contra Deus. Eles construíram uma torre chamada de Torre de Babel (Babilônia). Eles tinham como finalidade desafiar a Deus. Gênesis 11:2-4 atesta o motivo daquela rebeldia.
Deus dera uma ordem a Adão e também a Eva: “Crescei e multiplicai-vos” Gn 1:28; e em 9:1 Deus também fala com Noé e aos seus filhos: “Frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra”. O que os homens daquela aliança fizeram? Construíram a torre de Babel (confusão) contrariando as ordens de Deus, que era de encher a terra. Eles fizeram exatamente o contrário do que Deus ordenaram. Aquele ato foi um flagrante rebeldia contra Deus.
Ato seguinte, Deus instala no meio deles a confusão das línguas e os espalha por toda a terra. É naquele contexto que se origina as línguas do planeta Terra.
Quarta dispensação – Patriarcal, ou aliança da promessa: Aquela dispensação começa com Deus chamando Abrão: “Sai-te da tua terra, e da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E te farei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome e tu serás uma benção...” Gn 12:1-2. Como se sabe, Abraão gerou a Isaque, e Isaque gerou a Jacó, que é Israel Gn 25:24-26.
Quinta dispensação – Dispensação da Lei: Foi nessa dispensação que pela primeira vez Deus entregou a uma nação normas pelas quais, aquela nação se pautaria. Atos 7:38; Êxodo 20. Deus, dentre todos os israelitas, escolheu Moisés para entregar as suas leis que Ele preparara exclusivamente para aquela nação. Aquelas leis não conduziam aquele povo a Deus, muito pelo contrário, aquelas leis apontavam os pecados daquele povo. As mesmas revelavam o quanto aquela nação era pecadora, mas a lei não salvava porque era impossível alguém cumprir a mesma. Por isso um inocente (animal) era morto e tinha o seu sangue derramado para cobrir os pecados daquela nação.
Sexta dispensação – Dispensação da graça: Essa dispensação começa após a morte do testador – Hb 9:16, 17: “Porque onde há testamento necessário é que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houver morte, ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?”.
Como vimos nestes versículos a morte de Jesus introduz a Dispensação da graça. Leiamos o que o Espírito Santo fala por intermédio da carta aos Hebreus: “Ao proclamar nova esta aliança Ele transformou em antiquada a primeira. E o que se torna superado e envelhecido está próximo do aniquilamento” 8:13.
Sétima dispensação – Do milênio: Esta aliança é o reinado do descendente davídico. Isaías 11:1-5; Ap 19:21. Nesta dispensação finalmente a terra viverá um período de plena paz, pois Satanás e os seus efeitos serão amarrados por mil anos – Ap 20:2. Ao analisar as sete dispensações existentes abre-se um facho de luz para entendermos de qual lei Jesus se refere neste estudo. Mesmo conhecendo a complexidade deste assunto, nossas dúvidas ficaram bem menores após analisar o estudo das alianças.
Em primeiro lugar vamos compreender de qual lei Jesus não está se referindo. Com certeza Ele não está se referindo a lei moral, pois a mesma Deus colocou em todos os seres humanos por meio de Adão. Gn 2:17; 3:7-10; Rm 2:15. Podemos entender após a leitura destes textos que, todos os seres humanos sejam maus ou bons, carregam essa lei moral dentro de si. É justamente essa lei (moral) que difere os seres humanos dos animais.
Os animais agem por instintos que os preserva e os conduz a sobrevivência. Já os seres humanos não podem agir por instintos, pois os mesmos têm dentro de si a lei moral, que os alerta quando eles querem por impulsos carnais praticar o mal. Eles têm em suas consciências essa lei moral estampadas em si mesmos, pois através dessa lei passam a ter o conhecimento do bem e do mal. Então não é dessa lei que Jesus se refere neste estudo. Essa lei moral é ratificada através dos antigos.
Um monarca chamado Hamurabi, o sexto da dinastia Sumeriana compilou um código de lei chamada: “Lei de Talião”. Esse código de lei tinha como principal objetivo limitar a maldade humana de sua época, Moisés fez uso daquela lei nos seus escritos. Quando ele cita: “Olho por olho e dente por dente” ele se valeu daquela lei vigente ao seu tempo.
De quem Hamurabi recebeu, aquele código de lei? Certamente ele recebeu dos seus antepassados, e provavelmente dos descendentes diretos de Noé – que foi o décimo depois de Adão. Os homens antigos recebiam as informações de outros homens mais antigos, que por sua vez receberam de Sete e que foi o terceiro filho de Adão.
Adão deve ter passado as informações sobre Deus e as suas leis ao seu filho Sete, e Sete passou aos seus filhos até chegar a Noé. Que transmite aos seus filhos até chegar a Hamurabi no Século 1800 a.C. Parte dessas leis se encontra no museu de Louvre em Paris. Então podemos entender que a lei que Jesus se refere é a quinta dispensação, que é a lei mosaica, e que teve em Moisés o seu principal expoente. Foi o próprio Moisés quem disse: “O Senhor teu Deus suscitará um profeta como eu no meio de ti, dentre teus próprios irmãos, a ele ouvireis” Dt 18:15.
Nesta passagem acima citada Moisés não mensurava que aquele profeta mencionado por ele era o próprio “Eu Sou” – João 8:58. Jesus veio para cumprir e dá sequência aos planos de Deus através de uma nova aliança. Mt 26:26-28; 1 Cor 11:25; Rm 10:4. Conforme os textos citados, foi o próprio Deus encarnado que fez a transição da lei mosaica para a nova aliança da graça. Havia uma exigência na lei supracitada que ela só daria lugar a outra aliança, se a mesma fosse cumprida na sua integralidade Mt 5:18.
E somente Jesus poderia cumpri-la, pois a promessa feita a Abraão só se aplicaria a Cristo – Gl 3:16 diz: Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: "e aos descendentes", como falando de muitos, porém como falando de um só: "e ao seu descendente", que é Cristo.
Como vimos através deste texto, somente Jesus se enquadrava nas exigências da lei. Toda a lei apontava para Jesus. Todos os sacrifícios e todas as cerimônias contidas na lei apontavam diretamente para o Cordeiro de Deus, pois somente Ele e não um animal poderia tirar o pecado do mundo. Jo 1:36.
A lei como “dispensação” não foi dada ao povo de Israel como um caminho que os levava a Deus, essa não era a finalidade daquela lei. A mesma serviu como um aio para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fossemos justificados – Gl 3:24. Vamos entender qual o significado deste texto: Um “aio” era um mestre para o qual os pais entregavam os seus filhos para que os mesmos os instruíssem e os conduzissem até a criança atingir a idade adulta e também a idoneidade para assumir o controle dos negócios de seus pais. Gl 3:25.
Foi exatamente o que a lei mosaica fez. Cumpriu o propósito predeterminado para o exato momento em que o filho de Deus se manifestasse e assumisse o seu lugar conforme o relato do apóstolo Paulo: “Todavia, quando chegou a plenitude dos tempos Deus enviou seu filho, nascido de mulher, nascido também debaixo da autoridade da lei, para resgatar aos que estavam subjugados pela lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” Gl 4:4-5.
O Apóstolo João confirma esta verdade: “A lei e os profetas duraram até João...” Luc 16:16. “Se é que tendes ouvido a Dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada. Como me foi este ministério manifestado pela revelação como acima em pouco vós escrevi” Ef 3:2, 3. João, o Batista, foi o precursor de Jesus. Ele foi preparado para aquela ocasião – Is 40:3 – e o cumprimento dessa profecia se encontra em Mateus 3:1-3. Paulo dá mais ênfase a essa verdade: porque o fim da lei (mosaica) é Cristo para justiça de todo aquele que crer. Rm 10:4.
Fica claro que a lei duraria até que o verdadeiro herdeiro chegasse para assumir o seu lugar. A lei "mosaica" desnudava as transgressões do ser humano, e nós não teríamos pecado se a lei não dissesse: “Não cobiçarás” Rm 7:7.
A lei não é má, nós é que somos “maus”. O pecado nos colocou nessa posição e o único meio de escaparmos da lei é através da Graça dada a nós; que ao estarmos em Cristo, morremos com Ele: “Assim também, nós, meus irmãos, Morrestes quanto a lei (mosaica) mediante o corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, àquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus” Rm 7:4.
Aquela lei matava, mas a Graça vivifica – 2 Cor 3:6. A lei era “impiedosa” e não abria mão de que alguém cumprisse apenas uma parte dela. Mas exigia o cumprimento total da mesma: “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos. Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se tu pois não cometeres adultério, mas, matares, estás feito transgressor da lei” Tiago 2:10, 11.
Como vimos através destes textos não era possível cumprir a lei. “Pois Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia” Rm 11:32.
Antes de analisar os textos deste estudo vamos bibliografar alguns textos que comprovam que nós como Igreja de Cristo (inseridos em uma nova aliança) não estamos obrigados a seguir a lei dada por Moisés ao povo Judeu. Mas com exceções, parte dos dez mandamos foram transportados para a nova aliança e sintetizados por Jesus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e com toda a tua inteligência. Este é o primeiro mandamento e maior mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. A estes dois mandamentos estão sujeitos toda a lei e os profetas” Mt 22:37-40; Tg 2:8-12.
Ler os seguintes textos: Gl 2:16, 19-20; 3:2, 3, 10-13; 4:3-7; Hb 8:6, 7, 13; 9:15-17; 10:28, 29.
Vamos analisar os textos deste estudo.
Mt 5:17 “Não pensem que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, mas para cumprir.”
Realmente Jesus não veio para destruir a lei mosaica, e sim cumpri-la. A interpretação deste texto se encontra no versículo 18: “Porque em verdade lhes digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.” Somente alguém puro, sem mácula, santo e sem pecado poderia cumprir aquela lei. Nenhum homem desde Adão até aos maiores profetas não preenchiam esses requisitos. Somente Jesus detinha esses requisitos e só Ele pôde cumprir aquela lei do versículo 17.
Essa era a única condição para aquela lei tornar-se ultrapassada como no versículo 18, a menos que alguém à cumprisse. E Jesus cumpriu todas as exigências daquela lei; tornando-a ineficaz e ultrapassada, pois a mesma deu lugar a aliança da graça – Hb 8:13. E a lei cumpriu os propósitos de Deus, em cada detalhe aquela aliança apontava para Jesus Cristo. Consideremos alguns detalhes:
•A Páscoa apontava diretamente para a pessoa de Jesus, que é a nossa Páscoa.
• Os cordeiros que eram sacrificados eram um tipo do sacrifício de Jesus no Gólgota.
• O sangue dos cordeiros aspergidos nos umbrais das portas, tipificavam o sangue de Jesus, tanto para nos redimir, quanto para nos proteger.
• Os sacerdotes daquela aliança eram um tipo do Sacerdócio de Jesus, que é o nosso Sumo Sacerdote.
• Moisés, era um tipo de Jesus.
• Os profetas tipificavam a palavra de Deus, pois os mesmos eram “oráculos” ambulantes.
Mt 5:19: “Aquele, pois, que desrespeitar um destes mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado mínimo no Reino dos Céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no Reino dos Céus.”
É importante fazermos uma observação: Estes textos só se encontram no evangelho de Mateus. Alguém que estuda teologia sabe muito bem que o evangelho de Mateus foi destinado principalmente aos Judeus. E a menção aqui de teologia é sobre a Bíblia, pois teologia é a junção de dois vocábulos gregos “teós” e “lógia”, que significa estudo de Deus. Qual é o estudo de Deus que está ao nosso dispor, senão a Bíblia?
Não nos esqueçamos que Jesus era judeu, que viveu como tal e debaixo da lei dos judeus. Neste versículo 19 Jesus evoca um texto capital do decálogo – Hb 10:28: “Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunha”. Os líderes judeus dividiam os dez mandamentos em duas partes, os mandamentos maiores e os mandamentos menores.
Os mandamentos maiores eram associados a reverência a Deus e continham “pena capital”, ou seja, se alguém proferisse blasfêmia contra Deus seria morto. Se algum israelita assassinasse outro israelita seria morto. Se alguém fosse visto em um flagrante adultério morreria. Dentre outros, se alguém quebrasse esses mandamentos era punido com pena capital, porque esses mandamentos eram chamados de maiores.
Já os mandamentos “menores” não continham pecado capital. Exemplo: “O furto, o falso testemunho e a cobiça não continham a pena capital. Por isso eram chamados de menores. Foi a essas divisões dos dez mandamentos, que Jesus se refere.
Nenhum israelita poderia falar mal da lei, eles não só deveriam obedecer, como também ensinar aos outros e principalmente aos seus filhos. Dt 6:7-9. Os Judeus que não vivessem em conformidades com esses preceitos acima citados, seriam chamados “os menores” naquele contexto. Porém os que cumprissem e ensinassem aos outros seriam chamados “grande”.
É importante pontuar, que quando Jesus fala de alguém que cumpre a lei, Ele não está falando da lei mosaica, pois a mesma, ninguém além Dele poderia cumpri-la. Pois essa referida lei continha, não somente as leis bíblicas, mas as do talmude. Que eram um apêndice de mais de 613 normas (humanas).
Qual foi o homem judeu que cumpriu a lei na sua integralidade? Logo podemos entender que Jesus quando fala naquele contexto, está falando de si mesmo que é o maior no reino de Deus. A epístola aos Hebreus atesta a supremacia de Jesus, sobre tudo e sobre todos.
Mt 5:20 “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus”.
Como vocês sabem Jesus estava falando a um grupo de Judeus e ao citar os escribas e fariseus, Ele está se referindo aos dois principais grupos religiosos de Israel. Quem eram os escribas e os fariseus? Os escribas judeus têm a sua origem em Levi, que foi o terceiro filho de Jacó com Lia.
Eles eram responsáveis por escrever e copiar textos, registrar dados numéricos, redigir leis, copiar e arquivar informações, inclusive o registro da genealogia. Como poucos eles tinham uma imensa cultura, tanto da Tora, quanto secular daquela época. Os escribas da época de Jesus eram chamados de doutores e mestres. Eram responsáveis por ensinar as leis como um todo. Esdras é um clássico exemplo de um escriba e sacerdote – Neemias 8:1.
Neste contexto do estudo em foco os escribas tornaram-se um grupo de religiosos prepotentes, omissos, ociosos e insensíveis. Lc 10:25-31. Já os fariseus, apesar dos mesmos terem afinidades com os escribas, o Antigo Testamento não faz nenhuma referência aos mesmos. Provavelmente eles surgiram no segundo século a.C. durante o período interbíblico e talvez eles sejam originários de Matatias, que foi um sacerdote que se revoltou contra o jugo siríaco quando Antioco Epifânio (o louco) ofereceu o sangue de um porco no templo dos Judeus. Começando a partir daí a revolta dos Macabeus, provavelmente em 168 a.C.
O principal expoente dos macabeus foi Judas, o seu pai o chamava de “martelo”. E daí que se deriva os Macabeus, no contexto deste estudo os fariseus eram o principal grupo religioso de Israel. Tornaram-se notáveis por defender as leis escritas e as leis orais e eles se gabavam de opor-se aos costumes gentílicos, por isso eram chamados de “separados”. Os fariseus eram os principais defensores e também intérpretes da Torá e da língua materna.
Quando nós verbalizamos “fariseu” é sempre no sentido pejorativo. Eles tinham também suas virtudes. Vejamos:
• Eles eram ferrenhos defensores das leis vigentes de Israel; ainda que equivocados – Mt 15:2.
• Tinham como prática a oração – Lc 18:10
• Eram dizimistas de tudo que chegava as suas mãos – Mt 23:23
• Eram nacionalistas (não aceitavam nem a cultura grega, nem o seu idioma)
• Eram incansáveis em converter um gentil ao judaísmo – Mt 23:15 na última parte do verso...
• Eles criam na ressurreição dos mortos, e era muito difícil crer na ressurreição naquele contexto obscuro sobre este assunto – At 23:1-8.
Como vimos acima, os fariseus também tinham virtudes, mas é importante salientar que os fariseus foram os que mais fizeram oposição ao ministério de Jesus. Eles tinham algum tipo de zelo pela lei, mas sem entendimento. No contexto desse estudo os fariseus tornaram-se vazios, viviam somente de aparência externa e tornaram-se sobretudo, avarentos.
A revelação de Deus é progressiva. Deus em sua eterna sabedoria e vontade de salvar o ser humano arquitetou um plano, e neste plano incluiu as dispensações. Essas dispensações se comparam a uma escada composta com sete degraus.
Primeiro degrau: INOCÊNCIA
Segundo: CONSCIÊNICA
Terceiro: GOVERNO HUMANO
Quarto: PATRIARCAL, ou PROMESSA
Quinto: LEI (mosaica)
Sexto: GRAÇA
Sétimo: REINO MILENIAL ou REINADO DO DESCENDENTE DAVÍDICO
Todas essas dispensações cumpriram e estão de acordo com o propósito de Deus para salvar o ser humano. Cumprindo cabalmente o seu propósito, umas duraram mais do que outras, porém todas conforme o planejamento de Deus. De todas essas dispensações a mais importante é a sexta, a da Graça. Esta trouxe Deus para a humanidade na pessoa de Jesus Cristo – Jo 2:18. Imaginemos uma escada que foi planejada para ter sete degraus, porém ao ser concluída constata-se que um degrau ficou de fora. Com certeza essa escada ficaria "assimétrica.
Existem igrejas que ainda estão no quinto degrau e as mesmas estão sem simetria, está desigual e faltando degrau. Algumas estão nesta condição por ignorância dos seus líderes ou por esperteza dos mesmos. Existem as que afirmam que estão no sexto degrau (Graça), mas faz da Graça de Deus uma graça barata, ou seja, uma graça com uma conotação de libertinagem.
Quem vivencia esta graça barata vive sem regras, sem respeito aos mandamentos de Jesus e sem nenhuma consideração ao verdadeiro Espírito da Graça. E assim pisam o sangue derramado por Jesus para estabelecer a Aliança da Graça. Hb 10:29. Tanto os que estão no quinto degrau (lei mosaica) por ignorância dos seus líderes, mas transitam também pela Graça por esperteza dos seus líderes assemelham-se aos escribas e fariseus. Nem entram (no reino de Deus) e impedem àqueles que estão entrando. São cegos guiando outros cegos – Mt 15:14.
E igrejas que estão no quinto degrau (lei mosaica), por ignorância ou por esperteza dos seus líderes (malandragem), ambas se enquadram nos textos citados por Jesus em Mt 9:16, 17: “Ninguém deita remendo de pano novo em vestido velho, porque semelhante remendo rompe o vestido, e faz-se maior a rotura. Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres se estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam”. Esses textos são análogos à lei mosaica e a aliança da graça.
Veja que esses textos vieram de uma pergunta a Jesus dos discípulos de João, a algo que era recorrente na lei mosaica – Mt 9:14-17. A resposta de Jesus foi contundente: “Não se deita remendo de pano novo...; Nem se deita vinho novo em odres velhos”. As práticas da lei mosaica não se coadunam com a Graça, do mesmo modo que o óleo não se mistura com a água.
Alguns de vocês já experimentaram colocar em um copo água e óleo juntos? Vocês, observaram que os mesmos não se misturaram? Da mesma forma as práticas da lei não podem se misturar com as normas advindas da Graça. Existem Igrejas que querem transitar na lei mosaica e ao mesmo tempo na Graça. Dizem que estão seguindo a Jesus, mas andam na lei através de um rígido legalismo. Praticam o jejum e dizem que são mais santos do que aqueles que não jejuam. Usam roupas específicas e desprezam aqueles que não usam. Sobem ao monte para orar e acham-se superiores àqueles que não vão.
Façamos uma conjectura: Imaginemos Jesus vivendo em nossos dias, na nossa sociedade e em nossa cultura. Vocês acham que Ele usaria um terno caríssimo, um sapato cromo alemão, uma blusa de quatrocentos reais e uma mega gravata? Imaginemos também o apóstolo Paulo fazendo a seguinte convocação: Aos membros da igreja e irmãos, venham participar da campanha das sete semanas para vocês serem curados. Venham nesta segunda-feira participar do culto da unção com óleo vindo de Israel. Venham nessa quinta-feira para o culto das grandes maravilhas do Espírito Santo. Venham nessa terça-feira participar e receber a proteção do Arcanjo Miguel.
Será que Jesus e Paulo agiriam conforme esta conjectura? Com certeza essas colocações podem provocar um debate... Vamos nos ater em igrejas que estão vivendo uma graça barata. Essas “igrejas” vivem sem limites, desconsideram partes das escrituras e mesmo nos livros que fazem parte do Novo Testamento. Acabam tendo como resultado os ensinamentos equivocados, desprezam os pastores, e até aqueles que se comportam de maneira ilibada. Abominam os locais em que a igreja se reúne e rejeitam qualquer tipo de liderança e assim se tornam “acéfalos”.
E mesmo sem serem separados pela igreja, dizem que podem batizar, ministrar a ceia e outros serviços que Jesus concedeu a alguns líderes – Ef 4:11. São como diz Judas (irmão do Senhor): “Estes são manchas em vossas festas de caridade banqueteando-se convosco e apascentando-se a si mesmos sem temor. São nuvens sem águas, levadas pelos ventos de uma para outra parte. São como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas, ondas impetuosas do mar; que escumam as suas mesmas abominações. Estrelas errantes, para os quais está eternamente reservada a negrura das trevas” Judas 12 e 13.
CONCLUSÃO
Ao concluir este estudo, cremos que avançamos alguns passos na compreensão de que lei Jesus se referiu nos textos deste estudo. Também entendemos que nós como igreja de Jesus Cristo, temos somente que nos pautar nos ensinos de Jesus e nos ensinos dos seus Apóstolos. Aprendemos também que a lei mosaica não pode ser parâmetro para nós que estamos na Aliança da Graça, que Jesus selou com o seu próprio sangue.
Que o Deus Todo Poderoso na pessoa bendita de Jesus Cristo nos dê as suas bênçãos.
LIÇÃO 12 | DIÁLOGOS COM JESUS - A ira
Mateus 5. 21, 22 (NAA)
— Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: "Não mate." E ainda: "Quem matar estará sujeito a julgamento."
Eu, porém, lhes digo que todo aquele que se irar contra o seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem insultar o seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem o chamar de tolo estará sujeito ao inferno de fogo.
COMENTÁRIO
Na lição anterior vimos Jesus, cumprindo a lei, e ao mesmo tempo abrindo caminho para outra aliança. Ainda que essa aliança, só se cumpriria de fato e de direito após a sua morte. Heb. 9:16-17.
Ficou claro nos textos acima citados, a grande diferença daqueles que seguiam a lei mosaica e daqueles que seguiam a Jesus. Na lei eles viviam "de aparências". "Na graça não bastaria apenas parecer, e, sim ser verdadeiramente discípulo de Jesus ". Jesus conhece e vê todas as nossas ações – Ap. 3:1 “Sim diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as estrelas conheço as tuas obras, que tens fama de esta vivo, mas de fato estás morto”.
Posto as considerações iniciais, vamos a análise dos textos deste estudo.
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás, mas qualquer que matar será réu de juízo” v. 21.
Antes de adentrar à exegese deste texto, engana-se quem pensa que a graça é mais fácil de cumprir que a lei. Neste versículo Jesus aborda o sexto mandamento. Ele começa a sua exposição comparando o que disseram os antigos e o que Ele diz a respeito de homicídios. Quem eram os antigos deste texto? Certamente são “Hamurabi e Moisés”.
Lembrem-se que na lição passada enfocamos esses dois personagens, e que ambos receberam a mensagem do próprio Deus. Um recebeu a mensagem diretamente de Deus no monte Horebe, numa península chamada Sinai – Êx. 20:22, At. 7:38. O outro recebeu a mensagem indiretamente, através de homens mais antigos do que ele. Gn. 9:6.
“O não matarás” do versículo 21 foi uma medida vinda do próprio Deus, para coibir a maldade humana e ao mesmo tempo pôr um freio ao homicídio. Após o primeiro homicídio de Caim assassinando Abel – Gn 4:8, os homicídios não tiveram mais fim.
Vimos logo após em Gn 4:23 Lameque cometer dois homicídios: “E disse Lameque as suas mulheres Ada e Zila, ouvi a minha voz; mulheres de Lameque, escutai o meu dito. Porquê eu matei um homem por me feriu e um jovem por me pisar”.
A partir desses homicídios, a uma sequência absurda de homens matando outros homens. Vejamos que os antigos recomendavam apenas que não se matasse, pois quem matasse seria réu de juízo.
Vejam que nesses termos as causas não eram combatidas. Jesus diz: “Eu porém vos digo que, qualquer que sem motivo se irar contra seu irmão, será réu de juízo” v. 22.
Jesus vai direto mostrando a causa pelas quais os seres humanos cometem homicídios. Vocês conhecem as leis das causas e efeitos? Essa lei é um princípio universal que significa: “que o acaso não existe”. Um dos princípios da lógica é a causalidade, daí a afirmação de que todo o efeito tem uma causa e essa causa pode ser boa ou má.
Sabemos que todos os efeitos maus vieram de uma causa, que foi o pecado originário de Adão e Eva, quando ambos desobedeceram a Deus. A partir daí vieram outros tantos. Jesus mostra e condena que todo homicídio começa no interior do ser humano. Vejam que os antigos não abordaram essa verdade.
Jesus vai direto na raiz e diz que não é preciso matar o corpo literalmente para alguém tornar-se réu de juízo. Ele relata esse fato na primeira parte do versículo 22: “Eu, porém vos digo que qualquer que se irar contra seu irmão, será réu de juízo”. Aqui Jesus vai mais além.
Homicida não é tão somente aquele que tira a vida de alguém, mas também é aquele que ao irar-se odeia seu irmão. 1 João 3:15: “Todo aquele que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanecente nele a vida eterna”. Vejamos qual é o significado da ira, raiva e também cólera: Ira é uma das emoções mais intensas. É definida em termos gerais como uma pretensão de causar danos.
A ira é uma das emoções em que o Diabo mais atua, pois a mesma é facilmente detectada por meio da fala e das expressões faciais – Gn 4:5 “Todavia não se agradou de Caim e de sua oferta, e por esse motivo Caim ficou muito irado e seu semblante assumiu uma expressão maligna”.
Deus criou o ser humano segundo a sua imagem. Gn 1:27: “Deus portanto, criou os seres humanos a sua imagem, a imagem de Deus os criou: Macho e fêmea os criou”.
Essa é a principal causa pelas quais ninguém deve matar os outros, nem também, tirar a sua própria vida. Pois a mesma pertence a Deus. Quando o homem mata outro homem está matando a imagem do próprio Deus no homem.
Vejam que para os antigos a ira não era enfocada. E era justamente essa emoção que principiava o homicídio nos corações humanos. E é nesta emoção que Jesus bate firme, ou seja, “se nós nos irarmos contra nossos irmãos estamos nos tornando homicidas”.
É importante entendermos que réu de juízo naquele contexto era a pena capital. Não havia advogado de defesa e sim promotor que apelava para o juiz: “Esse homem deve morrer, pois o mesmo, cometeu um homicídio, portanto aplique a sentença do olho por olho e dente por dente e vida por vida”, era o texto da lei mosaica que o promotor apresentava ao juiz – Êx 21:24-25.
Na lei só haveria punibilidade para o infrator se o mesmo chegasse as vias de fato. Já na graça só em termos um pensamento irascível, somos considerados réu de juízo, e juízo divino.
O Espírito Santo nos adverte através da instrumentalidade do apóstolo Paulo “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira” Ef 4:26, ou seja, livre-se da ira, antes que o sol se ponha. Não durma e acorde com essa emoção.
Como vimos nos textos acima citados Jesus ataca a causa, a raiz como prevenção do coração. Pois do coração irado procede “Os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituições, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” Mt 15:19.
Vamos aplicar esses textos para nós?
Quantas vezes já matamos por abrigarmos a ira em nossos corações?
Quantos homicídios já praticamos, por deixar a ira apoderar-se de nós?
Quantas reputações já foram assassinadas por causa dessa emoção?
Têm muitos irmãos que estão mortos espiritualmente porque deixaram a ira abrigar-se nos seus corações. Esses já não têm mais comunhão com seus irmãos, nem os cumprimenta (apesar de fazer parte da mesma comunidade). Já não se importam com a comunhão exigida para àqueles que nasceram de novo. Deixaram a ira lhes cegar os olhos, tais como os incrédulos. 2 Cor 4:4.
Essa é uma das causas pelas quais a Igreja de Cristo se encontra debilitada pois a mesma, está cheia de homicidas espirituais – 2 Jo 3.15. A Igreja atual já não é tão respeitada como era no passado. As pessoas que ainda não conhecem a Cristo respeitam o Cristo da igreja, mais não respeitam a igreja do Cristo, como disse Mahatma Gandhi.
“Qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhes disser: Louco, será réu do fogo do inferno” v. 22 na última parte.
Quero informar aos irmãos que o vocábulo aramaico “raca”, não se encontra nas traduções mais antigas. Como também “sem motivo” não se encontra em nenhum manuscrito antigo. O “sem motivo” está entre colchetes, tratando-se de um acréscimo dos tradutores.
O que eu posso passar aos irmãos é que raca é um vocábulo vindo do aramaico e pode significar “um insulto”. O que eu tenho certeza é, que um discípulo do Mestre não deve sobre hipótese alguma insultar quem quer que seja. Muito pelo contrário, temos que abençoar e não insultar.
“E qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno”. Nesse texto Jesus condena de modo categórico, todo aquele que diz com ira que o seu próximo é louco. O próprio Jesus vivenciou na própria pele esse disparate. Podemos constatar no Evangelho de Marcos.
Eu entendo nas entre linhas desse referido versículo que alguém fora procurar os familiares de Jesus dizendo que Ele estava louco (fora de si): “Quando os familiares de Jesus tomaram conhecimento do que estava acontecendo, partiram para forçá-lo a voltar, pois comentavam: Ele perdeu o juízo” Mc 3:21.
Os Judeus religiosos da época deste contexto também chamaram Jesus de louco: “Responderam os Judeus, e disseram-lhe: Não dizemos nós bem que és Samaritano, e que tens demônio” Jo 8:48, Jo 10:20.
Paulo também foi acusado por um homem com um coração cheio de irá, que ele estava fora de si: “Todavia enquanto Paulo apresentava sua defesa, Festo interrompeu o discurso e exclamou irritado (irado): Estás louco Paulo! As muitas letras te fazem delirar” At 26:24.
É importante pontuar que quando alguém está possuído por demônios, essa pessoa perde literalmente a razão (fica fora de si).
CONCLUSÃO:
Como vimos nesses textos que quando alguém chama o seu próximo de louco com ira no coração, esse alguém é um forte candidato a tornar-se réu do fogo do inferno.
Mas vamos fazer distinção daqueles que em um tom jocoso, chama o seu colega ou irmão de louco. Essa verbalização não tem o mesmo peso daqueles que verbalizam com ira.
LIÇÃO 13 | DIÁLOGOS COM JESUS – A oferta
Mateus 5. 23-26 (NAA)
Portanto, se você estiver trazendo a sua oferta ao altar e lá se lembrar que o seu irmão tem alguma coisa contra você, deixe diante do altar a sua oferta e vá primeiro reconciliar-se com o seu irmão; e então volte e faça a sua oferta.
— Entre em acordo sem demora com o seu adversário, enquanto você está com ele a caminho, para que o adversário não entregue você ao juiz, o juiz entregue você ao oficial de justiça, e você seja jogado na prisão.
Em verdade lhe digo que você não sairá dali enquanto não pagar o último centavo.
INTRODUÇÃO
Não são poucos os que estão enquadrados como Saul, que queria sacrificar (adorar), com ou sem a permissão de Deus. Ele não sabia que para Deus vale mais o obedecer do que o sacrificar. 1 Samuel 15:22 “Porém Samuel disse: Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocausto e sacrifícios, como em que se obedeça a palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor que o sacrificar, e o atender melhor é do que a gordura de carneiros”.
Parte 1 – A reconciliação
Quantas “crentes” que ofendem os irmãos, e vêm expressar adoração a Deus sem nenhum arrependimento. E a palavra do Senhor para esses é: “Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim” Mt 15:8. Esses não adoram em espírito e em verdade. A adoração deles são só no exterior -Jo 4:24. Vejamos que a principal preocupação de Jesus é cuidar do lado de dentro do homem, para que o lado de fora não se corrompa (antes do tempo).
Quando temos o nosso interior sarado a nossa verbalização será amável, agradável e servirá para edificar o nosso próximo. Lembremo-nos que prestaremos contas de todas as palavras fúteis que falarmos – Mt 12:36, 37.
Nos versículos 25 e 26 Jesus segue abordando o mesmo tema: a reconciliação, só que em outro aspecto. Era comum no contexto deste estudo alguém tomar um empréstimo e não ter condições de cumprir com o compromisso assumido. Como também era usual alguém ter uma queixa contra o seu próximo e ter que resolver no tribunal.
O sinédrio era o fórum escolhido que resolvia esses tipos de pendências, e era composto por setenta homens, sendo o sumo sacerdote o principal juiz. O sinédrio acumulava para si tanto o poder religioso, quanto o civil, julgando algumas questões contidas nestes dois textos.
Jesus vocaliza os dois casos acima citados:
Dois homens indo ao sinédrio para resolver suas pendências. Um homem que devia, e outro que cobrava. Nesses dois textos Jesus orienta ao devedor para que procurasse fazer um acordo com aquele que o acusava (adversário) enquanto ambos estivessem no caminho, para que não fosse entregue ao juiz que ao condená-lo, o entregasse às autoridades para que o prendesse. Ao ser condenado e preso, o condenado não sairia da prisão enquanto a sua dívida não fosse quitada. O juiz era implacável a ponto de permitir que as terras do condenado fossem levadas à leilão e até mesmo os filhos eram dados para quitar as dívidas. Ler 2 Reis 4:1. Esse texto elucida e corrobora essas verdades.
Parte 2 – A missão
Se fizermos uma aplicação e colocarmos as dívidas materiais no campo espiritual, muitos crentes ficarão em apuros. Paulo diz: “Eu sou devedor, tanto a gregos (gentios) quanto a bárbaros (incultos)” Rm 1:14.
Paulo se considerava devedor tanto a sábios quanto a ignorantes. Quando ofendemos um irmão e não pedimos perdão, certamente estamos em dívida tanto com esse irmão como para com Deus. Mt 6:15. Acrescente-se que somos devedores aos homens quando não pregamos o evangelho para eles. Como Igreja somos devedores ao mundo Mc 16:15.
Somos devedores às pessoas que ainda não conhecem a Cristo, quanto não oramos para que Deus as alcance com sua graça. Como somos devedores, quando não cooperamos com as nossas finanças para àqueles que estão em lugares em que nós não podemos ir fisicamente.
Esses textos acima citados estão em acordo com as palavras de Jesus, que disse: “Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” Mt 28:19.
Reflitamos que essa última dívida é a principal. Leiamos com dobrada atenção o que Deus requereria do profeta Ezequiel, se o mesmo não cumprisse as suas ordens: — Filho do homem, eu o coloquei como atalaia sobre a casa de Israel. Você ouvirá a palavra da minha boca e lhes dará aviso da minha parte.
Quando eu disser ao ímpio: "Você certamente morrerá", e você não o avisar e nada disser para o advertir do seu mau caminho, para lhe salvar a vida, esse ímpio morrerá na sua maldade, mas você será responsável pela morte dele. Mas, se você avisar o ímpio, e ele não se converter da sua maldade e do seu mau caminho, ele morrerá na sua maldade, mas você terá salvo a sua vida. Ez 3:17-19
Eu sei que esta narrativa está fora do contexto, mas o conteúdo não está. A nação de Israel falhou em não advertir àquelas nações daquele contexto. Por isso Deus tira Israel de cena e coloca a igreja para a mesma missão – At 1:8.
Missão de advertir os incrédulos por meio de Sua Palavra. Vejam que Deus cobraria do profeta Ezequiel se ele deixasse de cumprir o seu mandado. Imaginem o quanto Ele cobrará de nós se desobedecê-lo. Quem tem mais recursos para cumprir a ordem do Senhor? Ezequiel? Ou nós como igreja? A resposta é óbvia. Se Deus cobra do profeta, que tinha poucos recursos. Quanto mais, de nós que temos todos os recursos ao nosso dispor.
Alguém perguntará: Mas a maior regra não é o amor?
Pois, foi justamente por amar a humanidade que Deus enviou o seu Filho para morrer por nós e logo quem prega o evangelho da salvação está cumprindo o amor. O ato de evangelizar está profundamente conectado ao amor.
Imagine pessoas chegando diante de Deus no Juízo Final e falarem que conheceram somente a vida rotineira do pecado, não tendo conhecimento da salvação. Pois as igrejas preferiram estarem encasteladas nos seus templos, ao invés de irem aos lugares onde os perdidos estão.
Vocês acham que Deus, o justo Juiz mudará o seu juízo? Certamente que não. Só que pedirá contas a nós (sua igreja) pelo sangue dessas pessoas Ez 3:18.
CONCLUSÃO
Muitos que se dizem “seguidores do Rei Jesus”, estarão no julgamento do grande trono branco (Ap 20:11-12), por não cumprir o mandamento de Jesus. Na narração dos versículos 25-26 aqueles devedores ainda tinham uma chance de quitar as suas dívidas com os seus credores.
Esses textos nada têm a ver com o ensino do purgatório propagado pela igreja romana. Muito pelo contrário, todos os que forem condenados e receberem o veredicto do Justo Juiz, não terão nenhuma chance de redimir-se das suas culpas.
O veredicto será duro e sem misericórdia: “Apartai-vos de mim, nunca vos conheci, vós que praticais a iniquidade”. Aqueles que não santificaram o nome de Deus com o bom testemunho entre os homens, que não pregaram sobre a Verdade do Evangelho. O veredicto alcançará aos que ofenderam seus irmãos dominados por ira, e também àqueles que não perdoaram o próximo.
Essas advertências contidas neste estudo são para nós, que fazemos parte da igreja de Cristo. São advertências fortes, mas embasadas na Palavra de Deus. Vigiemos, e pratiquemos a palavra do nosso Rei e mestre Jesus – Jo 13:16-17.
LIÇÃO 14 | DIÁLOGOS COM JESUS – Sobre o Adultério
MATEUS 5. 27-30
— Vocês ouviram o que foi dito: "Não cometa adultério."
Eu, porém, lhes digo: todo o que olhar para uma mulher com intenção impura, já cometeu adultério com ela no seu coração.
— Se o seu olho direito leva você a tropeçar, arranque-o e jogue-o fora. Pois é preferível você perder uma parte do seu corpo do que ter o corpo inteiro lançado no inferno.
E, se a sua mão direita leva você a tropeçar, corte-a e jogue-a fora. Pois é preferível você perder uma parte do seu corpo do que o corpo inteiro ir para o inferno.
INTRODUÇÃO
Em texto anterior vimos Jesus abordar o sexto mandamento e ampliar o entendimento sobre o referido mandamento (não matarás). Ele deixa claro onde nascem os homicídios, nascem dentro do ser humano. E também vimos do conserto que os seus seguidores teriam que fazer quando ofendessem alguém, com algum tipo de insulto. Deveriam procurar o ofendido afim de pacificar e resolver o problema, antes que fosse tarde.
Já neste texto em foco Jesus aborda o sétimo mandamento da torá (o adultério). Veja que Jesus segue o mesmo raciocínio do sexto mandamento, ampliando e mostrando que a vereda do seu reino é estreita e pura. Também é importante pontuar que o sétimo mandamento neste contexto está conectado ao décimo (não cobiçarás).
Parte 1 – A Intenção
No versículo 27 Jesus traz novamente à baila o que os antigos disseram, e o que Ele diz sobre o mesmo assunto. Como sempre Jesus amplia o que os antigos disseram, vai mais além, vai na origem onde se inicia o adultério, que tem início no interior do ser humano.
— Vocês ouviram o que foi dito: "Não cometa adultério."
Eu, porém, lhes digo: todo o que olhar para uma mulher com intenção impura, já cometeu adultério com ela no seu coração.
O adultério é algo que acontece de modo gradativo; ou seja, tem todo um caminho a ser percorrido. Leiamos o que Tiago escreveu: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engordado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá a luz ao pecado (adultério), e o pecado, sendo consumado gera a morte” Tiago 1:14-15.
É importante salientar que o vocábulo “adultério” nos versículos 27 e 28 no texto original, é “porneia”. Esse vocábulo abrange adultério, prostituição e fornicação. Também é importante observar que Jesus usa a figura masculina porque naquele contexto as mulheres não eram contadas, com raríssimas exceções. Mas sabemos que Jesus abrange tanto a figura masculina, quanto a figura feminina.
O apóstolo Tiago, irmão do Senhor Jesus, segue o mesmo raciocínio dos antigos. Não é difícil de descobrir porque Tiago segue o mesmo raciocínio, basta ler o sumário da própria carta acima citada: “Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que andam dispersas, saúde”. Como vimos nesse sumário Tiago remete a sua carta para um grupo de judeus convertidos ao cristianismo.
Está é a causa pelas quais ele menciona o pecado (adultério) na sua consumação literal. Porém Jesus afirma que não é preciso o adultério ser consumado, basta tão somente o homem ou a mulher fantasiar no seu interior, que o adultério já está consumado – versículo 28.
Como já mencionado nos textos acima citados, o adultério se dá de forma gradual e progressiva. Quanto a progressividade do adultério intelectual, é possível afirmar que “o primeiro olhar é normal, o segundo olhar é porque gostou, e é neste momento do segundo olhar que o libido é acionado. E consequentemente o libido induz ao terceiro passo. Em sequência o pecado é consumado; e o pecado consumado gera a morte espiritual”.
Os antigos e os que viviam sob a régia da lei mosaica não tinham o conhecimento que a igreja de Jesus tem. Se nós aplicarmos o entendimento que eles tinham da lei e aplicarmos para os dias de hoje e, formos honestos com nós mesmos, chegaremos a conclusão de que em algum momento, já infligimos o sétimo mandamento. Mas graças a Deus, que introduziu em cada um de nós o arrependimento por meio da Sua Graça.
Deus, não somente nos deu da sua graça e arrependimento, como também nos deu o seu Divino Espírito Santo para nos convencer “do pecado, da justiça e do juízo” - Jo 16. 8. E, é o Espírito Santo que nos ajuda para que nós não adulteremos em pensamentos.
Parte 2 – O que te faz tropeçar?
— Se o seu olho direito leva você a tropeçar, arranque-o e jogue-o fora. Pois é preferível você perder uma parte do seu corpo do que ter o corpo inteiro lançado no inferno.
E, se a sua mão direita leva você a tropeçar, corte-a e jogue-a fora. Pois é preferível você perder uma parte do seu corpo do que o corpo inteiro ir para o inferno.
Temos aqui nestes dois textos, uma figura de linguagem (hipérbole). Hipérbole é uma figura de linguagem muito comum utilizada para passar uma ideia de intensidade por meio de expressões exageradas intencionalmente. Jesus foi quem mais fez uso desse recurso literário. Leiamos o que Ele respondeu aos seus discípulos: “Então os discípulos se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: — Por que o senhor fala com eles por meio de parábolas? Ao que Jesus respondeu: — Porque a vocês é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas àqueles isso não é concedido. Pois ao que tem, mais será dado, e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. Por isso, falo com eles por meio de parábolas: porque, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem.” Mateus 13:10-13. Como vimos nestes versículos, Jesus fazia amplamente uso desses reversos literários.
Na lei mosaica não existia mandamento que exigisse por parte do infrator a automutilação. O que tinha na lei era um carrasco que cumpria essa penalidade. Nós não encontraremos no Novo Testamento nenhuma referência que venha respaldar a automutilação, como um ato que agrade a Deus.
Na verdade Jesus traz à baila o relato de alguns homens que eram castrados por outros homens, ou outros que se castraram a si mesmos por causa do reino dos céus – Mt. 19:12. É importante salientar que Jesus não está dando aval aquela conduta. Ele apenas relatou aqueles fatos.
Na verdade, alguns crentes estavam mutilando-se, tendo como base esses dois versículos (29-30) de Mateus 5. Claro que eles estavam interpretando estes versículos de forma errada, fazendo isso de forma literal e não como uma figura de linguagem.
Aquela prática (de automutilação) perdurou até 365 dC quando o concílio de Nicéia interpretou os referidos textos como figurativos. Ficando estabelecido a proibição de alguém praticar a automutilação, ou seja, atos de “arrancar o olho e cortar a mão”.
No terceiro século dC, um filósofo chamado Maniqueu, ensinava que o ser humano da cintura pra cima veio de Deus, e da cintura pra baixo teria vindo do Diabo. Imaginem o que um ensinamento desses pode levar alguém desequilibrado mentalmente e emocionalmente a cometer as maiores loucuras. E isso em nome de uma fé equivocada.
Alguém pode pensar que esses fatos só aconteciam a 1500 anos, mas a 44 anos um pastor chamado Jin Jones levou parte da igreja que pastoreava ao suicídio coletivo. O referido pastor persuadiu quase mil pessoas da igreja a se mudarem de Indianápolis (Estados Unidos) para a Guiana, um pequeno país que fica na América do Sul. Este pastor gozava de muito prestígio na Guiana, pois realizava uma gama de obras sociais. E assim, juntamente com sua igreja (Igreja Cristã do Evangelho Pleno), eram considerados quase que perfeitos, segundo a ótica humana.
Porém o referido pastor incluía nos seus ensinamentos os ensinos de Karl Marx. E foi através desses ensinamentos (ensino marxista), que Jin Jones persuadiu 909 seguidores a ingerir cianeto de potássio e calmante, um veneno letal que os levou ao suicídio. Todo o ensino de Jin Jones teve embasamento no marxismo, com a esperança de alcançar as promessas utópicas dessa ideologia.
Esses fatos ocorreram em 1978, em Jonestown (Que significa cidade de Jones). Vimos o quanto é danoso ensinos tirados do seu contexto de forma errática. Esses engodos aconteceram no passado e também estão acontecendo no presente. Como vimos, Jin Jones tinha aparência de um verdadeiro pastor, falava e executava as obras de um verdadeiro pastor, mas era do Diabo.
Leiamos o que Paulo falou dessas figuras: “Temo que, assim como a serpente, com a sua astúcia, enganou Eva, assim também a mente de vocês seja corrompida e se afaste da simplicidade e pureza devidas a Cristo.
Pois, se vem alguém que prega outro Jesus, diferente daquele que nós pregamos, ou se vocês aceitam um espírito diferente daquele que já receberam ou um evangelho diferente do que já aceitaram, vocês toleram isso muito bem. Porque esses tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçando-se em apóstolos de Cristo.
E não é de admirar, porque o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz.
Portanto, não deveria surpreender que os seus próprios ministros se disfarcem em ministros de justiça. O fim deles será conforme as suas obras.” 2 Coríntios 11:3, 4, 13-15
Fatos com o esse nos alertam para não nos desviarmos da doutrina de Cristo. Vamos a exegese dos versículos 29 e 30, pois ficou claro que Jesus aqui não ensinou que alguém deve arrancar o olho ou tampouco o braço. O que Jesus está ensinando é que, se você não pode olhar para uma mulher, sem cometer o pecado da cobiça; e consequentemente o pecado do adultério, tire o seu “olho maligno” dessa mulher. Seja radical, não olhe, porque isso é como “arrancar o olho direito e jogar fora”.
Esse é o sentido da visão que Jesus ensina nestes dois versículos. Esta interpretação serve também para àqueles que trabalham com dinheiro ou bens de outrem, e não têm controle e praticam uma má gerência da verba. O ensinamento de Jesus a esse respeito é a radicalização, peçam demissão e procurem outro emprego que não lhes ofereça esse tipo de tentação. Nesse caso o pedido de demissão equivale: “ao arrancar a sua mão direita”.
Se alguém que é cristão não tiver auto controle ao navegar na internet, e não conseguir ficar sem acessar pornografia, então fique longe do acesso e uso da internet. É melhor ficar sem o uso? Ou ficar com acesso e ir para o inferno? Têm muitos irmãos viciados em acessar sites eróticos. E a advertência para esses é: “Não porei coisa má diante dos meus olhos...” Sl 101:3. Esse é um exemplo do salmista, que aqueles que estão nesta prática devem seguir.
CONCLUSÃO
Olhem a orientação contida no Sl 119:105: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho”.
Nós só conseguiremos vencer os nossos impulsos carnais se tivermos a palavra como bússola, pois é a mesma que nos conduz por veredas direita. É a palavra de Deus que nos livra das ciladas do Diabo. Lembremo-nos dos crentes de Beréia, pois eles tinham a palavra como régua, para conferir e refutar o que não passasse pelo crivo da palavra.
Que o Espírito Santo nos preserve e nos guarde de tropeçarmos em ensinamentos erráticos.
LIÇÃO 15 | DIÁLOGOS COM JESUS – Sobre o divórcio
Mateus 5:31, 32 (NAA)
— Também foi dito: "Aquele que repudiar a sua mulher deve dar-lhe uma carta de divórcio."
Eu, porém, lhes digo: quem repudiar a sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a se tornar adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério.
INTRODUÇÃO
Dando continuidade aos Seus ensinos, o Mestre agora menciona mais um assunto relevante e faz mais uma aplicação bem radical aos olhos dos seus expectadores. Se estivermos bem atentos ao ensino do Evangelho, veremos que todas as ações e atos que caminham contra os padrões divinos são tratadas com a mesma seriedade necessária. Os homens é que tratam dos assuntos de acordo com os seus interesses, colocando em uma balança e medindo de acordo com as proporções que se adequam ao seu pensar ou mesmo viver.
Os ensinamentos de Jesus trazem um novo modo e padrão de vida, que até hoje em nossos dias é visto como radical e difícil de cumprir. Mas Ele fala em Mateus 5:20 “que devemos exceder em justiça aos fariseus e escribas, para que alcancemos o reino dos céus”, pois como já vemos nos anteriores, não basta executar as leis externamente, mas ter o interior mudado. Jesus nos traz Sua justiça e nos muda por dentro, e assim será mostrado exteriormente o que realmente estamos vivendo interiormente, o processo correto é esse: do interior para o exterior.
Sobre o assunto mencionado por Jesus no texto acima, vemos dados alarmantes. O ano de 2021, o segundo da pandemia do novo coronavírus, foi marcado pela realização de 80.573 divórcios no Brasil, número recorde da série histórica iniciada em 2007. E o que era muito evidente entre os não cristãos, agora dentro desta estatística o número de cristãos divorciados está crescendo cada vez mais.
Vivemos numa realidade em que o casamento é cada vez mais banalizado e até mesmo combatido como instituição, a ponto de ter seus alicerces abalados. Cada vez mais é desprezada as leis de Deus que regem a vida e o comportamento, e assim também acontece com o casamento, que é desprezado e o concubinato tornado legítimo. Com os vínculos conjugais afrouxados dá-se força para o divórcio, para assim justificar decisões – em sua maioria – egoístas.
PARTE 1
Os debates em torno do Divórcio são relevantes e compreensíveis, pois trata-se de uma ação que deveria ser considerada extrema e chocante, mas não foi assim no passado e também não é tratado assim no presente, pelo contrário está sendo banalizado. Mas ao falar sobre isso, vamos nos atentar para o que Jesus disse, fazendo inclusão de todo o Seu Ensino e não colocaremos mais pesos, no que por si já é uma difícil caminhada para quem quer fazer parte do Reino. Então não podemos ficar fixados em discussões que nem fazem parte do texto (literalmente ou na intenção do direcional).
a) O que foi dito...
No versículo 31 Jesus fala dessa maneira: “Também foi dito: Aquele que repudiar a sua mulher deve dar-lhe uma carta de divórcio.”
Ele aqui faz menção de Deuteronômio 24:1: “Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele escrever uma carta de divórcio e a entregar à mulher, e a mandar embora”.
Esse texto era debatido por duas escolas – Hillel e Shammai – que levavam o nome de seus fundadores. Os de Hillel interpretavam que “coisas indecentes” do versículo acima eram “qualquer motivo” e os de Shammai viam a menção de Deuteronômio como “adultério” ou comportamento semelhante.
Em Mateus 19:3 os fariseus se aproximam de Jesus e testando-o, perguntam: “É lícito ao homem repudiar a sua mulher por qualquer motivo?”. Aqui estavam fazendo uma pergunta com base na interpretação da escola de Hillel.
Jesus cita o que teria dito Moisés, mas sem entrar em debate sobre o entendimento deles. Convém lembrar que, no Sermão do Monte, Jesus interpreta a lei de Deus e não a refuta (Mt 5.17-20). Não há dúvida de que Jesus teve embates com os líderes religiosos dos seus dias, mas o Mestre nunca criticou o que o Antigo Testamento dizia, e sim como as pessoas o interpretavam.
b) No princípio foi assim...
Vamos trazer Mateus 19:3-9 para podermos dimensionar o assunto e trazer fatores tão proeminentes nos nossos dias. No versículo 3 os fariseus se utilizam de uma base de interpretação mais usual da época para testar Jesus, pois esperavam assim criar uma situação de impasse entre os ouvintes, pois de que lado o Mestre ficaria? Ou mesmo, ficaria Ele contra o que foi dado por Moisés?
O que eles não esperavam era que Jesus utilizaria a Palavra para lhes responder, como o fez nos versículos 4 a 6, fazendo menção de Gn 2:24. Cristo veio para restaurar o entendimento, derrubar as contradições e o egoísmo humano, e assim dar uma nova direção para retomada do Caminho. Por isso o Princípio foi mencionado, quando ainda o pecado não ditava as decisões e os comportamentos. E o que Deus definiu, somente com a permissão d’Ele poderá ser desfeito, não poderá o homem com sua mesquinhez ou coração endurecido fazê-lo.
Definições da criação inicial:
❖ Saem da casa dos pais e formam a própria família.
❖ Se tornam “uma só carne”. Deus os fez homem e mulher, um para o outro e que assim tivessem relações íntimas, e essa relação é emocional, intelectual, moral e espiritual. É um estado de união mútua, não somente uma união pelo sexo.
Jesus ao ser perguntado, não procurou falar do que o Estado achava, do que os religiosos entendiam, ou o que os movimentos culturais podem definir, mas sim, o que a Palavra de Deus diz sobre o assunto. Pois sobre casamento a definição vem do Criador.
Os fariseus insistiram sobre a liberação de Moisés para o divórcio. E Jesus lhes responde: “Foi por causa da dureza dos vossos corações, mas não era assim no Princípio”.
PARTE 2
a) Causas e efeitos
Então podemos dizer que “dureza de coração” é fator predominante para catástrofes diversas, incluindo ações tão traumáticas como o divórcio. E a ruptura de aliança é algo odiado por Deus, como Ele diz em Malaquias 2:16 “Porque o Senhor, o Deus de Israel, diz que odeia o divórcio e também aquele que cobre de violência as suas roupas, diz o Senhor dos Exércitos. Portanto, tenham cuidado e não sejam infiéis.”
Ao se distanciar da presença e vontade de Deus, os corações ficam endurecidos. Um coração endurecido é inflexível, não se amolda, não muda, não se deixa transformar, é como barro ressecado, é insensível, não sente mais, é obstinado e teimoso.
E o que vemos sobre “dureza de coração” na vida e em quantos casamentos é:
❖ Recusa a admitir os erros e pedir perdão
❖ Se recusa a perdoar os erros alheios
❖ Não se deixa ensinar, instruir, advertir
❖ Recusa ser aconselhado
❖ Não muda de comportamento
❖ É capaz de mentir, enganar, iludir
❖ Não mais acredita nas promessas de Deus
❖ Não tem mais paciência
❖ Diz que o amor acabou
❖ Os impulsos carnais passam a direcionar e ter mais importância que as responsabilidades assumidas
❖ E o foco passa a ser uma busca implacável por uma “felicidade”, não importando o que aconteça ou o modo para obtê-la.
Vemos acima que a dureza de coração pode levar a alguém fazer escolhas e tomar decisões que fogem da vontade de Deus, e por isso Jesus menciona isso como fator proeminente. Na permissão dada por Moisés, havia a interpretação de que um homem poderia rejeitar a esposa por qualquer motivo e liberá-la através do divórcio.
b) Definindo...
São muitos os argumentos para haver o rompimento dos casais no nosso tempo, incluindo as famosas frases “o amor acabou” ou “não tem mais sentimentos”. Mas para quem é discípulo de Cristo a primeira frase não existe, pois o amor é uma decisão e comportamento, e como a fonte do Amor é Deus, então não se acaba – mas pode ser acrescido, basta quererem. Em relação à segunda frase sabemos que se formos movidos à sentimentos seremos iguais à gangorras, pois os sentimentos mudam de acordo com situações, tempos ou circunstâncias. Então, esses argumentos são “quaisquer motivos” e podem ser consertados.
Em Mateus 5:32 e 19:9, Jesus faz a definição para aqueles que querem segui-lo. Ele declara o divórcio como ilegal em todas as formas em que são possíveis e passíveis de um resgate e acerto. O Evangelho de Cristo traz vida, traz ajuste, resgate, transformação, acha o perdido e salva o mais vil pecador. Então aqueles ouvintes, tanto os de Mateus 5, quanto os que estavam no relato do capítulo 19, não poderiam receber outra mensagem diferente, e sim uma mensagem de unidade e de volta para o Caminho.
E Jesus coloca apenas uma situação em que o divórcio acontece, quando há um rompimento do tratado através do adultério. Com isso Ele continua a tratar do adultério com extrema relevância, como um fator desastroso de quebra. São tantos os casos de pessoas que não conseguem se firmar, justamente por relativizar o adultério e não acertar o que se quebrou. Só acontece a cura se a ferida for tratada, pecado confessado mediante o arrependimento é o caminho daqueles que desejam ficar livres desse acorrentamento.
E como a Palavra de Deus é completa e não pode ser acolhida com trechos exclusivos, mas num todo deve ser lida e observada, podemos dizer que pelo ensino do Evangelho, que essa permissão (exceção) de Jesus não foi dada como ordem, pois o próprio Ensino do Mestre nos fala de arrependimento/perdão. Então a definição dessa ofensa que pode culminar em um divórcio, só é definida assim quando não existe o arrependimento.
Porque sem arrependimento o homem se separa de Deus e do sacrifício de Cristo, então não há o que se fazer por alguém que não se arrepende. Paulo usou dessa mesma razão em 1 Cor. 7:15, para definir quando alguém que não está em Deus, e não está sob a régia do Evangelho, não se submeteu ao arrependimento, resolve ir embora. Mediante a isso o irmão ou irmã não ficam debaixo da servidão ou desse tratado.
CONCLUSÃO
Casamento é levado a sério por Deus, levemos também a sério. Os acontecimentos, sejam quais forem, têm que ser tratados para que mediante o arrependimento e o coração tomado pelo Amor de Deus, possa haver cura, acertos e não destruição.
Diante do que estudamos nestas últimas semanas, podemos considerar alguns pontos cruciais para vida espiritual no presente e para futuro. Jesus tratou de forma bem radical o adultério (a mistura) e o casamento/divórcio, elevando o nível do que era apenas exterior e entrando no interior, para assim poder curar as causas de tanta destruição.
Dimensionou o fato consumado, para o que ainda está no pensamento (pois aí é o lugar a ser tratado), pois o caminho do adultério, é também o caminho que pode romper uma das alianças mais lindas que Deus criou, o casamento.
Quanto Amor Cristo nos traz ao tratar onde mais precisamos, para que não sigamos descendo os degraus que podem nos levar para a vergonha, com corações endurecidos e desligados da presença do Senhor. Fiquemos firmes em Cristo!
LIÇÃO 16 | DIÁLOGOS COM JESUS – Sobre os juramentos...
Mateus 5:33-37 (NAA)
"— Vocês também ouviram o que foi dito aos antigos: "Não faça juramento falso, mas cumpra rigorosamente para com o Senhor o que você jurou."
Eu, porém, lhes digo: não jurem de modo nenhum; nem pelo céu, por ser o trono de Deus;
nem pela terra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser a cidade do grande Rei.
Não jure pela sua cabeça, porque você não pode fazer com que um só cabelo fique branco ou preto.
Que a palavra de vocês seja: Sim, sim; não, não. O que passar disto vem do Maligno."
INTRODUÇÃO
Chegamos ao penúltimo estudo do Capítulo 5 do evangelho de Mateus. No estudo anterior nos debruçamos sobre o adultério e os seus afins.
Já neste estudo, nos debruçaremos sobre o juramento. Este estudo está alinhado com o terceiro mandamento: "Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão: Porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão" Ex 20:7.
Este estudo também reflete o caráter dos cidadãos do reino de Deus, e o cuidado que os mesmos devem ter com a sua palavra empenhada. Esta sociedade atual é uma sociedade em que os seres humanos não estão preocupados com a palavra empenhada.
Esses valores sucumbiram através do tempo. Manter a palavra dada é algo que ficou no passado. No passado não muito remoto, os homens compravam e vendiam propriedades sem nenhum tipo de documentos. Bastava tão somente a palavra dada; no máximo que se exigia, eram algumas testemunhas. E mesmo assim, as testemunhas não tinham como finalidade avalizar a transação. Conta-se que alguns homens tiravam um fio do seu bigode como garantia de algo adquirido.
Vamos a análise dos textos citados: "Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente teus juramentos ao Senhor.
Entretanto eu vos afirmo: Não jureis de forma alguma; nem pelos céus, que são o trono de Deus; nem pela terra, por ser o estrado onde repousam seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei.
E não jures por tua cabeça, pois não tens o poder de tornar um fio de cabelo branco ou preto.
Seja porém o teu sim, sim! E o teu não, não! O que passar disso vem do maligno".
PARTE 1 - O que foi dito…
Nestes quatros versículos, mais uma vez Jesus está comentando o que foi dito aos antigos. Desta vez Ele não aborda um mandamento de cunho capital, como eram o sexto e o sétimo mandamentos. Jesus traz uma abordagem minuciosa sobre atos de jurar. Vejamos que através deste texto (33), Jesus vai corrigir alguns desvios que os antigos ensinaram e que, até naquela época esses ensinamentos estavam sendo praticados pelos Judeus.
Os antigos mestres de Israel permitiam a quebra de juramentos e alguns até juravam falsamente, cometendo perjúrio, e assim eles cometiam a transgressão do terceiro e do nono mandamento da lei de Deus: "não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão..., Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" Ex. 20:16.
O conteúdo do ensino que Jesus passa aos seus discípulos, é que eles não precisariam entrar pelos mesmos caminhos erráticos que os Judeus daquela época entraram. Era o caminho do sim, e ao mesmo tempo do não; levando-os a ambiguidade. Esse é o caminho trilhado por todos os seguidores de Satanás; e consequentemente reprovado por Jesus no versículo 37.
Os textos hoje lidos são poucos compreendidos por cristãos dos dias atuais. Alguns interpretam esses textos e entendem que Jesus proíbe terminantemente qualquer tipo de juramento. Porém se fizermos uma análise bem acurada tendo toda a Bíblia como parâmetro chegaremos à conclusão bem diferente, Jesus jamais fez essa proibição.
Se lermos o versículo 34 isoladamente, parece que existe uma proibição total, porém se buscarmos textos relacionados em toda a Bíblia, encontraremos permissão para juramentos. Leiamos alguns destes textos: "Ao Senhor teu Deus temerás, a Ele servirás com amor reverente servirás, a Ele apenas chegarás, e somente por seu Santo nome jurarás " Dt. 10:20;
"Quando um homem fizer voto ao Senhor; ou fizer juramento, ligando a sua alma com obrigação, não violará a sua palavra; segundo tudo o que saiu da sua boca, fará" Num. 30:2;
"Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura com engano" Sl 24:4;
"Era Abraão já velho e adiantando em idade, e o Senhor havia abençoado a Abraão em tudo. E disse Abraão ao seu servo, o mais velho da casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía. Põe agora a tua mão debaixo da minha coxa, para que eu te faça jurar pelo Senhor Deus dos céus e Deus da terra, que não tomarás para meu filho mulher das filhas dos cananeus no meio dos. quais eu habito" Gn 24:1-3;
"E o anjo que vi estar sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão ao céu, e jurou por aquele que vive para todo o sempre, o que criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria mais demora" Apc. 10:5-6;
"Uma vez jurei por minha Santidade que não mentirei a Davi" Sl. 89:35; "Porque, quando Deus fez a promessa Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo, Pelo que, querendo Deus mostrar mais abundantemente a imutabilidade do seu conselho, aos herdeiros da sua promessa, se interpôs com juramento" Hb. 6:13, 17.
Como vimos através dos textos lidos acima, veremos que Deus não somente permite que juremos, como também Ele próprio jurou.
Neste estudo o que Jesus proíbe e combate são os acréscimos que os líderes religiosos de Israel estavam ensinando ao povo. Observe que o povo de Israel só poderia se valer de um juramento se usasse tão somente o nome Santo do Senhor; pois era o nome do Senhor que dava solenidade e seriedade a um juramento.
O que aconteceu foi que, com o passar dos anos os líderes religiosos de Israel, não somente adicionaram elementos aos juramentos, como também banalizaram o ato de jurar. E tudo em nome do poder e da ganância. Comprovaremos estas verdades lendo alguns versículo do capítulo 23 deste mesmo evangelho:
"Ai de vós, condutores cegos! Pois que dizeis: Qualquer que jurar pelo templo, isso nada é; mais o que jurar pelo ouro do templo, este é devedor, insensatos e cegos! Pois qual é maior, o ouro, ou o templo que santifica o ouro? E aquele que jurar pelo altar nada é, mas aquele que jurar pela oferta que está sobre o altar, esse é devedor; insensatos e cegos! Pois qual é maior, a oferta, ou o altar, que santifica a oferta? Portanto o que jurar pelo altar jura por ele e por tudo o que sobre ele está:" E o que jurar pelo templo jura por ele e por aquele que nele habita; e o que jurar pelo céu jura pelo trono de Deus e por aquele que está assentado nele" Mt. 23: 22-26.
Vejam que os escribas e fariseus torceram aquilo que Deus tinha permitido concernente ao juramento, como também acrescentaram, prevaricaram e ultrapassaram o permitido por Deus.
Satanás foi o primeiro a torcer o ensino de Deus no jardim do Éden, Gn 31:5. Não são poucos os que seguiram e seguem os ensinamentos de Satanás. Eles continuam no caminho trilhado pelo pai da mentira, discípulos do mal representados aqui nos textos do evangelho de Mateus 23:16-22 pelos escribas e fariseus.
Eles continuam de vento em popa e autorizam o que a Bíblia não autoriza. Veja o que Deus falou para aqueles que acrescentam ou tiram da Sua palavra: "Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela..." Deut 4:2; "Toda a palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele, nada acrescente as suas palavras, para que não repreenda e sejas achado mentiroso" Prov. 30:5-6; "Portanto, declaro a todos os que ouvem as palavras da profecia deste livro: Se alguém lhes acrescentar algo, Deus lhe acrescentará os flagelos descritos neste livro. Se alguém tirar alguma palavra deste livro de profecia, Deus tirará dele a sua parte na árvore da vida e na cidade santa, que são descritas neste livro" Ap. 22:18-19.
Como vimos estas advertências de Deus estão nos primeiros livros da Bíblia, no meio dos livros da Bíblia e também no último livro da Bíblia.
PARTE 2
a) Ter ou Ser?
Vimos na primeira parte o quanto são seríssimas as advertências de Deus,e da mesma forma que Ele não permitiu que um certo anjo (Satanás) habitasse no Céu, também não permitirá - como vimos em Apocalipse 22 - que aqueles que tiram ou acrescentam à Sua Palavra, habitem na cidade santa.
Os escibas e fariseus não respeitaram às regras estabelecidas por Deus, mas perpassaram e acrescentaram regras. Aqueles religiosos deram mais valor a forma do que o conteúdo. E por agirem dessa forma receberam a reprimenda do Mestre (Mateus 23).
Os mestres de Israel inverteram a ordem das regras que o próprio Deus, tinha estabelecido. Para eles o mais importante era o lucro, e não aquilo que fundamentava e validava um juramento. Eles descaradamente desconsideravam o maior em detrimento do menor.
Quem tinha mais valor? O ouro, ou o templo que santificava o ouro? Qual era mais importante a oferta, ou o altar que santificava a oferta? Eles tinham invertido a hierarquia dessas figuras.
Nos dias atuais o comportamento de alguns líderes não difere muito daqueles. Alguns líderes estão dando mais valor as coisas do que as pessoas, dão mais valor a uma quantidade maior - de pessoas que não querem os preceitos de Deus - que à um grupo que quer realmente servir a Cristo.
Atualmente (até mesmo na Igreja de Cristo) se dar mais valor a quem tem mais bens, do que aquele que tem caráter. Mudaram a forma bíblica, a aparência vale mais do que o conteúdo daquilo que está no interior.
Esses que agem e trilham os mesmos caminhos dos fariseus também receberão o mesmo tratamento que Jesus deu aos referidos líderes Israelitas: "Aí de vós condutores cegos" Mt. 23:16; "Vós tendes por pai ao Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai: Ele foi homicida desde o princípio, e não se formou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentiras fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e paí da mentira" Jo 8:44.
Vejam que Jesus naquele contexto não proibiu o valer-se de algum tipo de juramento. O que Jesus proibiu foram os acréscimos e também o método, pois os Israelitas só poderiam jurar pelo nome do Senhor. Eles não deveriam jurar por algo que eles não tinham o controle, como exemplo: "O templo, os céus, a terra e por suas cabeças".
Entendo conforme acima citado que Jesus jamais proibiu o ato de jurar.
Muito pelo contrário; o que Ele criticou foi a forma errática e também a banalização consernente a juramentos.
Os atos de jurar ainda são praticados na sociedade atual. Um advogado para poder atuar de fato e de direito, precisará prestar um juramento na OAB para que possa exercer sua função. Os profissionais da área da saúde, precisamente os médicos, também prestam um rígido juramento. Os políticos de cunho federal, juram cumprir a constituição do nosso país .
Já os políticos de cunho estadual e municipal juram pelas leis orgânicas, estaduais e municipais.
Nós que fazemos parte da igreja de Cristo também juramos, e com uma conotação de promessas. Juramos ou prometemos obedecer às normas da comunidade que pertencemos, juramos propagar o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, prometemos dar um bom testemunho diante daqueles que não servem a Jesus, etc.
Até mesmo as pessoas, por mais simples que sejam, fazem os seus juramentos. Observamos que quando as pessoas juram, fazem por algo maior, para que o seu juramento tenha peso.
b) Sim ou Não?
"Seja, porém o vosso falar: Sim, sim, não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna" Mt. 5:37.
Após Jesus analisar o que os antigos ouviram, Ele conclui e solta uma verdadeira pérola para os seus seguidores.
Este versículo 37 é o texto áureo deste assunto. Ao constatar e reprovar a ambiguidade dos líderes religiosos de Israel, Ele traz esse ensino do "Sim, sim, não, não"
Nenhum dos mestres de Israel, desde Moisés até Gamaliel, ou qualquer outro mestre que passara por Israel, e até os maiores mestres ocidentais, desde Tales de Mileto, Sócrates, Platão, Aristóteles ou até os mestres da atualidade, não poderiam ensinar aos seus discípulos estas verdades, porque faltava-lhes conteúdo moral, santidade e perfeição. Esses adjetivos sobejava em Jesus.
Quem dentre esses mestres, poderia afirmar: "Eu jamais cometi algum tipo de pecado". Mas o nosso Mestre desafiou o sistema daquela época, juntamente com os seus líderes e mestres e os arguiu: "Quem dentre vós pode me condenar por algum pecado" João 8. 46; "O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano" 1 Pedro 2:22.
Quando Jesus impõe aos seus discípulos que os mesmos não deveriam jurar, é porque Ele mesmo estava se colocando como paradigma. Quando foi que os discípulos de Jesus o viram jurar?
Ademais as palavras dos seus discípulos teriam que ter um peso de honestidade, de idoneidade e de um caráter ilibado.
Os seguidores do mestre Jesus não deveriam transitar por um caminho tênue, que é o sim e o não ao mesmo tempo. Eles teriam que levar adiante a obra que Jesus começara, e a palavra deles teria que ter uma similitude com a do seu Mestre que em tudo deu exemplo - Jo 13:15.
Porque os seguidores do Mestre Jesus não deveriam jurar aos moldes dos Israelitas? Porque quando um seguidor fala, fala na presença de Deus. O Senhor Jesus habita em nós, através do seu Espírito Santo e se transitar-mos no sim e no não ao mesmo tempo, certamente estaremos na carne, e quem está na carne não tem o Espírito de Deus; e quem não tem o Espírito de Deus habitando em si, esse não é d'Ele - Rm 8:9.
O Senhor Jesus, ensina aos seus discípulos que as suas palavras devem ser condizentes com o reino ao qual pertecem. A palavra de um súdito do reino de Deus deve ter um peso de honestidade, sinceridade e firmeza..As nossas palavras não devem ser ambíguas - 1Timóteo 3:8.
Vocês sabiam que as pessoas se dão a conhecer através da sua conduta? Nos damos a conhecer quando falamos, e externamos o que está dentro: "A boca fala do que está cheio o coração" Mt. 12:34.
Quando Jesus diz aos seus discípulos: "De maneira nenhuma jureis", estava enfatizando que realmente eles não precisavam jurar, pois estavam em outro patamar em relação aos Israelitas da sua época. Os Israelitas neste contexto estavam sobre a égide da lei, enquanto os seus discípulos estavam iniciando o seu caminhar no reino de Deus.
Veja o que Jesus disse: "Eu vos afirmo que dentre os nascidos de mulher não há nenhum ser humano maior do que João. Todavia o menor no reino de Deus é maior do que ele" Lc. 7:28. Nesse texto Jesus mostra a grande diferença entre a lei e a graça (reino de Deus).
Todos os que viveram na lei são menores do que o menor que está sobre os domínios do Rei Jesus.
É porque pertencemos a esse reino, que nós não precisamos jurar como uma forma de dar mais peso a nossa palavra, pois quando falamos temos o respaldo d'Aquele que nos usa como instrumento, é dono da nossa vida e vive em nós: "Não sabeis que sois santuário de Deus e que o seu Espírito habita em vós" 1 Cor 3:16.
Por sermos cidadãos do reino de Deus, não podemos ser camaleônicos, que muda conforme o ambiente. A palavra de um súdito do reino de Deus não pode ter várias versões ao mesmo tempo sobre um mesmo assunto e como discípulos do Mestre Jesus não podemos de manhã falar sim, e ao meio-dia mudar para não, e à noite oscilar sobre um mesmo assunto.
Foi sobre uma posição oscilante como vimos acima que Jesus cobrou e cobra até os dias atuais dos seus seguidores. Colocarei algumas razões pelas quais os servos de Deus não devem jurar como forma de trazer mais peso às nossas palavras.
PRIMEIRA RAZÃO:
Porque somos filhos de Deus. Os filhos tendem a herdar as características dos pais.
SEGUNDA RAZÃO:
Quem faz algum tipo de juramento é porque não tem convicção, ou não tem firmeza.
TERCEIRA RAZÃO:
Porque o nosso Mestre jamais fez um juramento conforme os moldes humanos, a Sua palavra tinha autoridade.
QUARTA RAZÃO:
Porque o Espírito Santo habita em nós, é Ele quem deve guiar as nossas falas.
CONCLUSÃO
Concluo este estudo mais uma vez recorrendo a uma parábola. A parábola do Pai e dos dois filhos retrata o cerne deste estudo - "que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e chegando-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na vinha. Ele respondeu: Sim, senhor; mas não foi.
Chegando-se então ao segundo, falou-lhes de igual modo. Respondeu-lhe este: Não quero; mas depois, arrependendo-se, foi. Quais dos dois fez a vontade do paí? Disseram eles, o segundo" Mt 21: 28-31.
Vejam que o pai nessa parábola deu uma ordem aos seus dois filhos. O primeiro a receber a ordem do pai disse: Sim, mas com os seus atos, disse não. Já o segundo, respondeu não, mas a sua atitude foi sim.
Com qual dos dois filhos você se identifica por meio da sua conduta?
Você é daqueles que quando é apertado a responder alguma resposta difícil, você responde: Sim e não? Ou você é daqueles que honra o vosso Pai, com sim, sim, e não, não?
Que Deus nos dê um espírito de ousadia para que não sejamos covardes, mas assumamos nossas responsabilidades.
LIÇÃO 17 | DIÁLOGOS COM JESUS – Finalizando Mateus 5
Mateus 5:38-48
— Vocês ouviram o que foi dito: "Olho por olho, dente por dente."
Eu, porém, lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém lhe der um tapa na face direita, ofereça-lhe também a face esquerda.
Se alguém quer processar você e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa.
Se alguém obrigar você a andar uma milha, vá com ele duas.
Dê a quem lhe pede e não volte as costas ao que quer lhe pedir emprestado.
— Vocês ouviram o que foi dito: "Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo."
Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês,
para demonstrarem que são filhos do Pai de vocês, que está nos céus. Porque ele faz o seu sol nascer sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.
Porque, se vocês amam aqueles que os amam, que recompensa terão? Os publicanos também não fazem o mesmo?
E, se saudarem somente os seus irmãos, o que é que estão fazendo de mais? Os gentios também não fazem o mesmo?
Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu.
INTRODUÇÃO
Chegamos ao último estudo do capítulo 5 do evangelho de Mateus. Nesta última parte deste estudo Jesus sintetiza todo o capítulo, a partir dos versículos 38 ao 48. Veja que nos primeiros versículos Ele salienta as características daqueles que farão parte do Seu reino, e também exalta as mesmas.
Logo após nos versículos 13-16, Jesus diz: "Que quem possuísse aquelas qualidades (das bem-aventuranças) seria o sal da terra e também luz do mundo. É sabido que a terra fora corrompida pelo pecado de Adão, e consequentemente putrefata e cheia de trevas - Gn 1:2. E caberia aos cidadãos do reino livrar a terra da podridão e também iluminá-la, visto que os mesmos são sal e luz.
Já nos versículos 17-20, Jesus cumpriu a lei, e mostra aos seus a lei do amor e da justiça (trazidas por Ele). Aqueles bem-aventurados teriam que ser mais justo que os escribas e fariseus - Mt 5:20.
A partir dos versículos 21-22, Jesus adverte aos seus que eles não deveriam matar, nem se irar contra o seu próximo, pois só em ter um coração irascível, eles já se tornariam homicidas.
Já nos versículos 24-26, Jesus ensina que se os seus súditos tivessem algo no seu coração contra o seu irmão, e se eles estivessem no templo para ofertar, que eles não ofertassem antes de se consertar com o seu irmão.
Já nos versículos 27-32, Jesus discorre sobre o adultério de forma ampla e também fala sobre a indissolubilidade do casamento ao afirmar: "O que Deus ajuntou, o homem não pode separar". E com essa afirmação, Ele rejeita o divórcio peremptoriamente.
Já nos versículos 33-37, Jesus denúncia os os líderes religiosos de Israel que tinham transgredido e torcido o ato de jurar. E ao mesmo tempo mostra aos seus discípulos que eles não deveriam jurar nem pelos céus, nem pela terra, nem por coisa alguma, mas que as suas palavras, fosse sim, sim, e não, não!
Com os versículos 38 ao 48 chega-se ao final do capítulo 5 do evangelho de Mateus. E é nesta última parte deste estudo que o Mestre Jesus mostra aos seus discípulos o caminho do amor, o caminho da tolerância e o caminho do desapego às coisas materiais. Ele também mostra aos seus que a jornada para o reino donde Ele veio é bastante apertado.
É a partir desses versículos que os seus discípulos teriam que por em prática tudo que eles aprenderam com o seu Mestre. Vamos analisar os textos acima lidos.
PARTE 1
"Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente" versículo 38. Aqui Ele traz aos seus discípulos a famigerada lei de Talião. Essa lei era a lei da reciprocidade no sentido negativo.
Se alguém tirasse (em um litígio) o olho de alguém, a lei de Talião dava o direito àquele que tivesse o seu olho tirado de tirar o olho do seu oponente. Se alguém arrancasse o dente de alguém numa briga, essa referida lei permitia àquele que teve o seu dente quebrado, quebrar o dente do seu adversário. Era braço por braço, mão por mão, pé por pé, quebradura por quebradura e vida por vida - Lv 24:20.
Veja que após Jesus citar a lei de Talião, em voga no contexto deste estudo, Ele traz para os Seus um ensino diametralmente oposto aos ensinados naquela época. Os seus discípulos colocariam em prática as características das bem-aventuranças. Podemos entender que as características exaradas nas bem-aventuranças, é para cada súdito do reino de Deus.
Cada súdito na sua individualidade, "Tem que ser humilde, tem que chorar por seus pecados cometidos, tem que ser manso, ter fome e sede por justiça (essa justiça é uma justiça segundo Cristo), ser misericordioso, ser limpo de coração, ser pacificador, tem que sofrer perseguição por causa do reino de Deus, ser injuriado, sofrer afrontas por causa do nome do Senhor Jesus".
Veja que essas qualidades descritas nos versículos 3 ao 12 não estariam no corpo como um todo, mas estas qualidades devem estar estampadas na individualidade de cada cidadão do reino.
Pois somente aqueles que tem esses predicados poderão cumprir os versículos 39 ao 41.
"Eu, porém vos digo que não resistais ao mal; mas se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe a outra. E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te o vestido, larga-lhe também a capa. E se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas".
Já ouvimos muitas interpretações a respeito deste texto. Alguns dizem que este texto, é um texto de cunho figurado, e que o mesmo não pode ser realizável. Eles mudam a “face” por “afronta” e dizem: "Se alguém lhe afrontar, fuja dele".
Essa interpretação se esbarra com as atitudes de Jesus, pois o mesmo, quando foi afrontado e esbofeteado, não fugiu dos seus algozes, antes aceitou as afrontas e as bofetadas. O apóstolo Paulo também foi espancado e não esboçou nenhuma reação - At 14:19. Assim podemos destacar o significado literal desses textos, sem menosprezar as outras interpretações.
Estes três versículos (39-41) seguem uma mesma linha, ou seja, são textos que se complementam. O dar a outra face é a mesma coisa que dar a capa àquele que quer tomar-lhe o vestido; que por sua vez é sinônimo de alguém que te obriga a caminhar duas milhas.
Os servos desprovidos das características das bem-aventuranças, não poderão assimilar e cumprir os versículos acima descritos.
Já no versículo 42 Jesus traz o ensino sobre a generosidade: "Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes". Aqui neste versículo o Mestre Jesus ensina aos seus discípulos o caminho da liberalidade. Os líderes religiosos neste contexto não eram afeitos a liberalidade, a não ser quando queriam se promover. Eles eram afeitos sim, quando queriam aparentar uma falsa generosidade.
Vejamos essas verdades no em Mateus 6:2 : "Quando pois deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, pois assim fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens"
É fato que Deus sempre se preocupou com os necessitados. Quando Jesus dá essa ordem: "Dê a quem te pedir", é um meio de ajudar alguns que vivem na miséria através da nossa instrumentalidade, e também é o meio que temos como representantes do reino de Deus, de exercer misericórdia.
Com certeza o Mestre Jesus não está satisfeito com parte dos seus seguidores por desobedecer a esses mandamento (dá e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes).
Nós estamos cumprindo esta ordem? Ou estamos dando desculpas descabidas, que nem mesmo nós, acreditamos? Ou estamos passando de largo - como fizeram o levita, e o sacerdote da parábola do bom samaritano - quando nos deparamos com com algum necessitado?
PARTE 2
Versículos 43-48: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; Para que sejais filhos do vosso pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre mais e bons; e a chuva desça sobre sobre justos e e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão havereis? Não fazem os publicamos também o mesmo? E, se saudades unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicamos também assim?”
Esses versículos estão intrinsecamente ligados entre si. Nestes textos mais uma vez Jesus corrige as distorções que os mestres de Israel estavam ensinando. Observe que no livro de Lv 19:18, Deus diz: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo...". Veja que o texto só fala para amar ao seu próximo. Deus jamais os mandou odiar aos seus inimigos, isso foi mais um acréscimo que eles fizeram.
Através destes textos o Mestre Jesus atinge o ápice dos seus ensinos concernente ao amor ao próximo. Nenhum judeu, ouvira ensinos tão relevantes e tão cheio de amor para com o ser humano. Nestes versículos o nosso Mestre explícita o amor que os seus seguidores deveriam colocar em prática pois os mesmos deveriam segui-lo, não somente com palavras, como faziam os mestres de Israel, mas sim, com atitudes que os mesmos presenciaram o seu mestre fazer.
Aqui também os seus seguidores deveriam entrar pelo caminho da renúncia e os mesmos teriam que levar, cada um a sua própria cruz. Esses textos são os mais difíceis de se cumprir em toda a Bíblia.
Em qual parte da Bíblia encontramos mandamentos tão difíceis de praticar? Ninguém a não ser Jesus poderia passar os ensinos acima citados. As várias “religiões” se fundamentam em meras formalidades, cerimônias vazias, filosofias vãs sem o propósito de mudar e contagiar o caráter do ser humano.
Por isso só Jesus pode passar esses ensinamentos para todos que creem n’Ele; por isso esses textos são tão difíceis de se cumprir. Jesus não quer seguidores que sejam estrelas, Ele quer pessoas obedientes e que não tenham apego por bens, nem posições elevadas. Pessoas que não vivam por si, mas que dizem: Não vivo eu, mas Cristo vive em mim. Só pessoas com essas atitudes e com a ajuda do Espírito Santo poderão cumprir esses mandamentos.
Dar a outra face pode não ser tão difícil, dependendo do momento, e da interpretação deste texto (v. 39). Largar a capa, dependendo do momento, pode não ser tão difícil. Andar duas milhas, pode não ser tão difícil também, ainda mais quando se tinha uma lei Imperial, em que um cidadão Romano poderia dar ordem a alguém que não detinha a cidadania romana, para levar a sua bagagem ou pertences até uma milha.
Observe que Jesus dobra essa lei e dá ordem aos seus discípulos que andem mais uma milha. Diferentemente da lei Imperial vigente no contexto deste estudo, que os não cidadãos romanos teriam que cumprir, ou sofreriam as penalidades da referida lei. Esses fatos descritos acima ficam mais evidentes ao ler o texto onde Simão Sirineu foi constrangido (forçado) a levar por alguns metros a Cruz de Cristo - Mt 27:32.
A outra milha que Jesus manda-nos a andar é a lei do amor, é o ato de exercer a longanimidade . Os versículos 39 ao 42 como vimos é difícil de se cumprir, mas os versículos 42 ao 47, somente aqueles que estão vigilantes e focados no reino futuro poderão cumpri-los. Os versículos 39 ao 42 quando comparados aos 43 ao 47 tornam-se bem mais fáceis de se cumprir.
Bendizer (falar bem) daqueles que nos maldizem vamos concordar que não é tarefa fácil.
Pagar o mal com o bem também é muito difícil. Orar por aqueles que estão nos perseguindo, é uma tarefa indigesta. Vejam que esses ensinamentos citados é a condição imposta por Jesus para que nos tornemos filhos do Pai celeste (v. 45a).
Amar aos que nos amam, é muito fácil porque é exatamente assim o comportamento do mundo, é regra geral nessa sociedade. O oposto é a exceção: "Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer" Lc 17:10. Através destes textos Jesus espera que nós façamos além do que esta sociedade sem Cristo faz.
Versículo 4: "Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso pai que está nos céus". Jesus conclui o capítulo 5 de Mateus com um imperativo para aqueles que almeja fazer parte do seu reino: "sede vós perfeitos".
Entendamos que a perfeição exigida por Jesus é uma perfeição nos limites do comportamento humano. Segundo o comportamento do homem Jesus, pois como homem Jesus cumpriu todas as exigências acima descritas. Foi como homem que Ele foi esbofeteado, caluniado, injuriado e falaram mal d’Ele, mas nunca se desviou de alguém que queria algo d’Ele e fez bem àqueles que o odiavam e orou por aqueles que o cruscificaram: "Pai perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem" Lc 23:34
Jesus também andou mais de uma milha, e isso Ele fez por nós. Vivenciou todos os sofrimentos como homem. Mesmo que alguém procure evidenciar que ele é Jesus e também Deus, mas os sofrimentos e dilemas que viveu, não foram como Deus. E o Espírito Santo que habitou n’Ele, também habita em nós. Leiamos Jo 20:21-22: "Disse-lhes pois Jesus outra vez: paz seja convosco, assim como o pai me enviou, também eu vos envio a vós. E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebam o Espírito Santo". É o Espírito Santo que nos capacita a cumprir esses ensinamentos.
Lembrem-se que Jesus cumpriu esses mandamentos primeiro do que nós, para nos dar o exemplo. E mesmo que alguém diga que “a carne é fraca”, sabemos que o Espírito que habita em nós “é forte”.
Olhemos para Estevão, e vejamos que ele era igual a nós. Ele imitou o nosso Mestre, e apedrejaram, e em invocação disse: Senhor recebe o meu espírito. E de joelhos clamou com grande voz: "Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu (morreu)" At 7:59-60. Sabem porque Estevão abençoou, perdoou e orou por seus algozes? Porque ele era cheio do Espírito de Deus.
CONCLUSÃO
Terminamos de estudar o capítulo mais importante da Bíblia no sentido pragmático e prático. Pois traz no seu conteúdo tudo que o ser humano precisa, tanto para sua salvação, quanto para seguir o caminho da retidão .
É através deste capítulo que o Mestre Jesus nos ensina a andar a segunda milha, sem nos pressionar, mas pelo amor que sentimos por Ele. E é também no último versículo de Mateus 5 que aprendemos o caminho da perfeição.
Finalmente, este capítulo tem no seu conteúdo poder suficiente para salvar toda a humanidade. Que o nosso Pai celestial nos ajude a apreender as características das bem-aventuranças.